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Dólar tem leve alta influenciado por tarifas de Trump e supera R$ 5,82

Esse foi o maior valor de fechamento desde 31 de janeiro, quando a moeda foi cotada a R$ 5,8366.

O dólar registrou um aumento moderado frente ao real nesta quinta-feira, 27 de fevereiro, acompanhando a valorização da moeda americana no mercado internacional. O movimento foi impulsionado pelas novas ameaças de imposição de tarifas de importação feitas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Após apresentar o pior desempenho entre as moedas de países emergentes no dia anterior, influenciado por especulações sobre uma possível reforma ministerial e pela crescente percepção de risco fiscal e inflacionário, o real apresentou uma resiliência maior em comparação com outras moedas, como o peso chileno, o peso colombiano e o rand sul-africano. 

Os dados do mercado de trabalho divulgados pela Pnad Contínua durante a manhã e o resultado do Governo Central em janeiro, que foi divulgado à tarde, não apresentaram grandes surpresas e tiveram um impacto limitado na dinâmica do mercado.

Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, comentou: “Ontem, o real se descolou dos seus pares e se desvalorizou consideravelmente devido aos rumores sobre a reforma ministerial. No entanto, o movimento de hoje é global, influenciado pelas declarações de Trump sobre tarifas.”

Lima considera improvável a saída de Fernando Haddad do Ministério da Fazenda. “Foi um rumor que ganhou força ontem e provocou uma reação do mercado. No entanto, não acredito que isso vá acontecer, a menos que o governo queira fazer uma guinada muito forte para o populismo“, completou.

O dólar atingiu uma máxima de R$ 5,8370 durante a manhã, fechando o dia com uma alta de 0,43%, cotado a R$ 5,8287. Esse foi o maior valor de fechamento desde 31 de janeiro, quando a moeda foi cotada a R$ 5,8366. Esse é o segundo pregão consecutivo de valorização da moeda americana, acumulando uma alta de 1,71% em relação ao real na semana, o que reduz as perdas da divisa em fevereiro para 0,14%. No acumulado do ano, o dólar apresenta uma queda de 5,69%.

No mercado internacional, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, subiu mais de 0,70% e ultrapassou a marca de 107,000 pontos, atingindo uma máxima de 107,279 pontos, com ganhos superiores a 0,80% em relação ao euro.

Trump confirmou que as tarifas sobre o México e o Canadá, que haviam sido suspensas por 30 dias, entrarão em vigor em 4 de março. Além disso, as tarifas recíprocas passarão a valer a partir de 2 de abril, incluindo a União Europeia. Ele também anunciou a aplicação de uma tarifa adicional de 10% sobre produtos importados da China, em resposta à alegada falta de propostas do país asiático para conter a oferta de fentanil.

Os dados econômicos dos EUA divulgados pela manhã não trouxeram grandes surpresas. A segunda leitura do PIB americano e o índice de preços de gastos com consumo (PCE) no quarto trimestre ficaram em linha com as expectativas. Os investidores aguardam a divulgação do PCE de janeiro para avaliar as chances de uma retomada do processo de corte de juros pelo Federal Reserve ainda este ano. 

Lima, da Western Asset, destaca que a política tarifária do governo Trump gera um ambiente de grande incerteza sobre a economia americana e global, elevando os prêmios de risco e fortalecendo o dólar em relação às demais moedas. Além do cenário externo desafiador, a falta de clareza sobre a disposição do governo em permitir uma desaceleração da economia para conter as pressões inflacionárias contribui para a instabilidade.

Acredito que o fortalecimento do dólar nas últimas semanas está menos relacionado a fatores domésticos, mas o fato é que a percepção da condução fiscal e parafiscal piorou um pouco com os movimentos mais recentes do governo“, afirma Lima, citando a liberação de R$ 12 bilhões de recursos retidos de quem optou pelo saque-aniversário do FGTS.

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Brunna Mendes

Gestão Hospitalar (UFRN), 28 primaveras, sagitariana e apaixonada por uma boa leitura, séries, filmes e Netflix.

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