O dólar registrou alta frente ao real nesta quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025, refletindo um movimento de correção após 12 sessões consecutivas de queda e cautela em relação às tensões comerciais entre as maiores economias do mundo. Essa correção vem após um período onde o Dólar atingiu menor patamar em meses com 12ª queda consecutiva frente ao real.
Às 11h55, o dólar à vista apresentava alta de 1,03%, cotado a R$ 5,81 na venda. O contrato de dólar futuro com vencimento no primeiro mês também operava em alta, com 0,86%, a R$ 5,830 na venda.
Na sessão anterior, a moeda americana havia fechado em baixa pelo 12º dia útil consecutivo, acumulando uma queda de 6,6% no ano. Analistas apontam que os ativos brasileiros passaram por um período de correção após uma forte desvalorização no final de 2024.
Correção e cenário fiscal
Segundo analistas consultados pela Reuters, o dólar atingiu patamares considerados exagerados no Brasil, impulsionados por investidores que buscavam proteção na moeda americana devido a preocupações com o cenário fiscal brasileiro. A falta de clareza sobre o compromisso do governo em equilibrar as contas públicas, especialmente após o anúncio de um projeto de reforma do Imposto de Renda em novembro, contribuiu para essa percepção.
Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, comentou: “Foram doze pregões seguidos de queda. Absolutamente natural um pregão de correção (hoje)“.
Política de Trump e tensões comerciais
Outros analistas atribuem a recente trajetória de queda do dólar à percepção de um governo americano mais moderado sob a presidência de Donald Trump. Apesar das ameaças de tarifas de importação, o mercado parece interpretar essas ações como táticas de negociação.
A imposição de tarifas de 10% sobre as importações chinesas, que entrou em vigor na terça-feira e gerou retaliação por parte de Pequim, adicionou aversão ao risco nos mercados globais. A disputa entre os EUA e a China envolve questões como o combate ao fluxo de fentanil nas fronteiras americanas.
Bergallo observou: “É natural que haja algum receio no impacto do comércio global já que estamos falando das duas maiores economias do planeta. Mas acho que fica nisso. Trump é o rei da bravata“.
Impacto nas commodities e dados econômicos
A queda nos preços de commodities importantes, como petróleo e minério de ferro, também exerceu pressão sobre as moedas de países emergentes. O dólar avançou sobre o peso mexicano e o peso colombiano.
Nos Estados Unidos, o Relatório Nacional de Emprego da ADP indicou um aumento de 183.000 vagas de trabalho no setor privado em janeiro, superando as expectativas.
No Brasil, a atividade de serviços apresentou retração em janeiro, de acordo com a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI), refletindo uma piora da demanda e pressões inflacionárias.
O IBGE informou que a produção industrial brasileira registrou queda de 0,3% em dezembro na comparação com o mês anterior, mas apresentou alta de 1,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
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