O mercado financeiro brasileiro reagiu com fortes oscilações nesta quinta-feira (12 de dezembro de 2024) após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar a taxa Selic, os juros básicos da economia, de 11,25% para 12,25% ao ano. A alta, superior ao esperado pela maioria das instituições financeiras que projetavam um aumento para 12%, desencadeou uma série de movimentos no mercado cambial e de ações.
O dólar comercial encerrou o dia cotado a R$ 6,009, registrando alta de R$ 0,041 (+0,69%). Embora tenha iniciado a sessão próximo à estabilidade, chegando a R$ 5,92, a demanda por dólares de importadores ao longo da tarde impulsionou a valorização da moeda americana. Essa valorização ocorreu mesmo com a intervenção do BC, que vendeu US$ 4 bilhões de suas reservas internacionais pela manhã – a primeira intervenção cambial em um mês – com o compromisso de recomprá-los no futuro. Para entender melhor as intervenções recentes do BC no câmbio, leia mais sobre a ação do Banco Central em como o BC intervém no câmbio e leiloa bilhões para conter a alta do dólar.
Em contrapartida, o índice Ibovespa da B3 registrou queda significativa de 2,74%, fechando aos 126.042 pontos. Esta foi a maior queda diária desde 2 de janeiro de 2023. A alta dos juros acima das expectativas gerou um cenário de pessimismo no mercado de ações, levando investidores a migrarem para investimentos de renda fixa, como títulos públicos, considerados menos arriscados. Para mais informações sobre a relação entre a alta da Selic e a queda do Ibovespa, veja a análise sobre o impacto da alta da Selic no Ibovespa e a valorização do dólar.
Impacto nos setores
O setor de varejo, particularmente o segmento alimentício, foi fortemente impactado pela alta dos juros. Empresas como Carrefour, Pão de Açúcar, Magazine Luiza e Petz registraram quedas acentuadas em suas ações. Estas companhias, fortemente dependentes da saúde da economia doméstica e algumas com alto nível de endividamento, são especialmente vulneráveis a aumentos nas taxas de juros.
Em contraponto, a Hapvida, empresa do setor de saúde, foi a única a apresentar desempenho positivo, com alta de 1,7% – dando continuidade ao bom desempenho do dia anterior. Este resultado positivo foi atribuído à divulgação pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de dados positivos relacionados às reclamações de beneficiários. O Itaú BBA avaliou que “Após um período desafiador de reclamações em 2023 para o Hapvida – principalmente devido a ajustes nas aquisições integradas no ano passado e mudanças na rede prestadora de serviços – observamos uma estabilização (nas reclamações)”.
Resumo das maiores quedas do Ibovespa:
Segue tabela com as maiores quedas do dia:
- Pão de Açúcar (PCAR3): -11,02%
- Petz (PETZ3): -10,55%
- Minerva (BEEF3): -9,62%
- Magazine Luiza (MGLU3): -9,01%
- Carrefour (CRFB3): -8,59%
- Cogna (COGN3): -7,87%
- Yduqs (YDUQ3): -7,59%
- Natura (NTCO3): -7,18%
- EzTec (EZTC3): -7,03%
- CVC (CVCB3): -6,36%
O volume financeiro no Ibovespa foi de R$ 20,8 bilhões, enquanto na B3 como um todo, atingiu R$ 26,8 bilhões. Nos Estados Unidos, o mercado também apresentou resultados negativos, com o Nasdaq caindo 0,66%, o S&P 500 recuando 0,54% e o Dow Jones com perdas de 0,53%. Para acompanhar a performance do Ibovespa em outros dias, acesse nossa página de notícias sobre o mercado, como em Ibovespa cai e dólar sobe apesar de leilão do BC.
Apesar da alta do dólar nesta quinta-feira, há perspectivas de que a moeda norte-americana perca força em 2025, devido ao aumento do diferencial de juros entre o Brasil e os EUA. Você pode se aprofundar sobre a cotação do dólar em outros dias em artigos como este sobre o dólar fechando em R$ 6,03 e o menor nível do Ibovespa em duas semanas.
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