A segunda-feira (14) no mercado financeiro brasileiro foi marcada por um otimismo inicial, com o dólar abrindo em baixa e o Ibovespa em alta. Esse movimento reflete um alívio nos mercados globais, impulsionado por sinais de recuo nas políticas tarifárias do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Às 09h01, o dólar registrou uma queda de 0,48%, cotado a R$ 5,8430. Na última sexta-feira, a moeda americana já havia apresentado baixa de 0,46%, fechando em R$ 5,8713.
Desempenho acumulado do dólar:
- Alta de 0,61% na semana.
- Ganho de 2,90% no mês.
- Perda de 4,99% no ano.
O Ibovespa, por sua vez, iniciou suas operações em alta. Na sexta-feira, o índice já havia apresentado um crescimento de 1,05%, atingindo 127.682 pontos.
Desempenho acumulado do Ibovespa:
- Alta de 0,33% na semana.
- Recuo de 1,98% no mês.
- Ganho de 6,15% no ano.
O otimismo do mercado está atrelado às recentes movimentações de Donald Trump em relação às tarifas de importação. Na última sexta-feira (11), o governo americano isentou smartphones, laptops e outros eletrônicos das tarifas recíprocas aplicadas sobre mais de 180 países. Essa decisão exclui produtos estratégicos que não são produzidos em larga escala nos EUA, especialmente da tarifa de 145% imposta aos produtos chineses em meio à tensa guerra comercial.
Apesar de Trump ter afirmado no domingo (13) que os eletrônicos não estavam totalmente liberados e integrariam uma nova categoria de tarifas, os mercados reagiram positivamente à notícia. A isenção pode sinalizar uma maior disposição do governo americano para negociar as tarifas, principalmente com a China.
No primeiro pregão após a decisão dos EUA, as bolsas asiáticas fecharam em alta, e as bolsas europeias seguiram o mesmo caminho. O preço do dólar também recuou em todo o mundo.
Entretanto, o aumento de tarifas pode trazer consequências para a economia global, como:
- Aumento dos custos de produção para as empresas.
- Elevação dos preços para os consumidores.
- Impacto negativo no comércio internacional.
Em outro cenário, o comércio entre Brasil e Estados Unidos alcançou um recorde no primeiro trimestre deste ano, mesmo em meio às tensões comerciais. Segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), a corrente de comércio atingiu US$ 20 bilhões entre janeiro e março de 2025, um crescimento de 6,6% em relação ao mesmo período de 2024.
As exportações brasileiras para os EUA somaram US$ 9,65 bilhões, enquanto as importações totalizaram US$ 10,3 bilhões, resultando em um déficit comercial de US$ 654 milhões para o Brasil no período.
Destaques das exportações brasileiras para os EUA:
- Sucos (+74,4%)
- Óleos combustíveis (+42,1%)
- Café não torrado (+34%)
- Aeronaves (+14,9%)
- Semiacabados de ferro ou aço (+14,5%)
A carne bovina também se destacou, figurando entre os dez produtos mais exportados, com alta de 111,8%.
Importações
A pauta de compras nos EUA foi dominada por bens manufaturados (89,2%), com destaque para máquinas, medicamentos, petróleo e equipamentos de processamento de dados. As compras de petróleo bruto aumentaram 78,3%, impulsionando o setor energético.
O governo dos EUA aumentou as tarifas sobre aço e alumínio em março, impactando as vendas externas brasileiras. Em abril, Donald Trump recuou e pausou por 90 dias o programa de tarifas recíprocas, reduzindo para 10% as tarifas de importação contra países, exceto a China, cujas taxas aumentaram para 145%, gerando retaliações.
A revista britânica “The Economist” tem acompanhado de perto as medidas econômicas de Trump. Capas recentes ilustram a trajetória das políticas do presidente, desde “Donald Trump vai derrubar 80 anos de política externa americana” até “A era do Caos”.
O mercado também está de olho nas previsões do Boletim Focus e em falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed). O presidente norte-americano anunciou, no fim de semana, a isenção de tarifas de smartphones, computadores e outros produtos eletrônicos. Com o anúncio da isenção de taxas para os eletrônicos, as bolsas mundo afora se animaram. A percepção é que, aos poucos, Trump vem demonstrando uma flexibilidade, o que ajuda a aliviar as tensões comerciais.
Além da guerra comercial, o mercado acompanha divulgações importantes. Hoje (14), o mercado fica de olho nas previsões do Boletim Focus, relatório semanal do Banco Central que traz as projeções dos economistas para os indicadores mais importantes do país, como inflação, PIB, Selic e dólar.
Na terça-feira (15), ao fim da noite, a China divulga seu Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre. Os dados devem ser acompanhados de perto e podem ter reflexo no comportamento dos preços das commodities, que, recentemente, foram penalizados diante da piora nas perspectivas de crescimento com o início da guerra comercial.
Na quinta-feira (17) há a divulgação da decisão monetária do Banco Central Europeu (BCE).
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