Economia

Dívida pública federal: entenda o que é e como ela impacta o orçamento

A dívida pública federal (DPF) é um instrumento de financiamento do governo, essencial para cobrir despesas que excedem a arrecadação de impostos e outras receitas. De acordo com o economista Marco Cavalcanti, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o endividamento em si não é negativo, mas exige atenção às restrições orçamentárias.

Em 2024, o serviço da dívida consumiu 41,6% do orçamento federal, incluindo R$ 1,658 trilhão em amortizações e refinanciamentos (34,3% do orçamento) e R$ 352 milhões em juros (7,3%).

Os dados da DPF são atualizados mensalmente pelo Tesouro Nacional.

Em janeiro de 2025, a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), que engloba também os governos estaduais, municipais e o INSS, alcançou R$ 8,9 trilhões, equivalendo a 75,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

A quem o Brasil deve?

Em fevereiro de 2025, o estoque da Dívida Pública Federal era de R$ 7,492 trilhões, com vencimentos escalonados ao longo de 4,08 anos. Deste total:

  • R$ 7,178 trilhões são devidos a credores domésticos;
  • R$ 314,34 bilhões a credores internacionais.

O governo emite títulos públicos em troca de recursos, remunerando os credores com juros. O Plano Anual de Financiamento (PAF) estima que a DPF encerre 2025 entre R$ 8,1 trilhões e R$ 8,5 trilhões.

A remuneração dos credores da DPF é distribuída da seguinte forma:

  • 47,77% atrelada à taxa Selic (14,25% ao ano);
  • 20,54% pré-fixada;
  • 27,51% indexados à inflação;
  • 4,18% corrigidos em dólar.

Os credores da dívida são:

  • 29,8% instituições financeiras;
  • 24,1% fundos de pensão;
  • 22,3% fundos de investimentos;
  • 9,7% não residentes (estrangeiros);
  • 3,2% governo;
  • 3,8% seguradoras;
  • 7,1% outros.

Pessoas físicas também podem investir em títulos do governo, seja diretamente pelo Tesouro Direto ou indiretamente por meio de fundos de investimento.

Por que o governo se endivida?

Segundo Marco Cavalcanti, o governo recorre à dívida quando as receitas não são suficientes para cobrir as despesas consideradas necessárias. Ele ressalta que o endividamento não é inerentemente negativo, citando o exemplo dos gastos durante a pandemia de Covid-19. No entanto, adverte sobre a importância de controlar a dívida para evitar um crescimento insustentável, que comprometeria o orçamento com juros e reduziria o espaço para investimentos em áreas como saúde e educação. O tema da economia é vasto e impacta diretamente o bolso do brasileiro, como podemos observar na matéria sobre a Inflação no café da manhã: preços dos alimentos disparam e pesam no bolso do brasileiro.

Para controlar os gastos públicos, o país utiliza mecanismos como o arcabouço fiscal, que limita o crescimento das despesas. Cavalcanti pondera que o arcabouço, por si só, não garante a estabilização da dívida, devido a outras regras que impulsionam o crescimento das despesas. A recente decisão do Rio Grande do Norte e outros nove estados de aumentar o ICMS sobre compras internacionais demonstra a busca por alternativas para equilibrar as contas.

O controle da dívida pública é uma preocupação global, com diversos países adotando regras fiscais. Além do superávit primário, os juros cobrados pelos credores são cruciais para o comportamento da dívida. A taxa Selic, definida pelo Banco Central, influencia o apetite dos credores pelos títulos da dívida. Inclusive, o Banco BMG prevê fim do ciclo de alta da Selic em maio, o que pode impactar diretamente a dívida pública.

Cavalcanti defende a disciplina fiscal para reduzir o risco e as taxas de juros, criando um ciclo virtuoso em que os credores aceitam juros menores, aliviando a pressão sobre o orçamento. O governo projeta um aumento da dívida pública federal até 2027/2028, com queda a partir de 2029, enquanto o mercado financeiro prevê uma estabilização mais tardia, a partir de 2033. É importante acompanhar as projeções e entender como fatores externos, como a negociação da Argentina para um novo empréstimo com o FMI, podem influenciar o cenário econômico global.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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