O Banco Central (BC) divulgou uma revisão nas projeções de crescimento do crédito bancário para os próximos dois anos. A expectativa agora é de um aumento de 10,6% em 2024 e 9,6% em 2025, números inferiores aos divulgados anteriormente, que apontavam para 11,1% e 10,3%, respectivamente.
De acordo com o Relatório de Inflação trimestral do BC, a principal razão para essa revisão é a implementação de uma política monetária mais restritiva, caracterizada pela elevação das taxas de juros. Essa medida visa conter a inflação e tem impactado as expectativas de crescimento do crédito, especialmente no segmento de financiamentos com recursos direcionados.
Crédito Direcionado e Livre
O crédito direcionado, que segue regras governamentais e é destinado principalmente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e microcrédito, teve sua projeção de crescimento reduzida. O relatório destaca que a reavaliação do crédito rural e dos empréstimos do Crédito Solidário ao Rio Grande do Sul contribuíram para essa diminuição. Em contrapartida, o crédito livre, onde os bancos têm autonomia para definir as taxas de juros, apresentou um cenário misto: um aumento no segmento de empresas compensou a redução no de pessoas físicas.
Estoque de Empréstimos e Crédito Ampliado
Em outubro, o estoque total de empréstimos concedidos pelos bancos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu R$ 6,3 trilhões, divididos entre R$ 2,4 trilhões para pessoas jurídicas e R$ 3,9 trilhões para famílias. Já o crédito ampliado ao setor não financeiro, que inclui empresas, famílias e governos, alcançou R$ 17,9 trilhões no mesmo período, sendo R$ 6,3 trilhões para empresas e R$ 4,2 trilhões para pessoas jurídicas.
Projeções para 2025
Para 2025, a queda nas projeções de crédito reflete, principalmente, a desaceleração no crescimento dos empréstimos com recursos livres para as famílias. O Banco Central explicou que os efeitos do aperto na política monetária devem se concentrar no próximo ano, impactando significativamente as operações de crédito livre. Embora o crescimento da carteira de crédito livre para empresas tenha se mantido, este se encontra em um patamar inferior ao da carteira de pessoas físicas. Adicionalmente, no segmento de crédito direcionado, as condições mais restritivas para financiamento imobiliário e a contenção do crédito rural devem afetar tanto pessoas físicas quanto empresas.
Impacto da Taxa Selic e Contas Externas
A recente alta do dólar e as incertezas sobre a inflação e a economia global levaram o BC a intensificar o aumento da taxa básica de juros da economia, a Selic, que foi definida em 12,25% ao ano na última reunião do ano, realizada em 11 de dezembro. O órgão informou que pretende aumentar a taxa Selic em mais um ponto percentual nas próximas duas reuniões, previstas para janeiro e março, caso os cenários se confirmem.
Nas contas externas, o Banco Central projeta um aumento significativo do déficit em transações correntes entre 2023 e 2024, com um incremento mais modesto entre 2024 e 2025. O déficit esperado para 2024 foi ligeiramente revisado para cima, alcançando US$ 54 bilhões, devido à expectativa de menor saldo comercial, impulsionado por maiores importações. As projeções para as contas de serviços e renda primária permanecem relativamente estáveis.
Em contrapartida, o fluxo líquido de Investimento Direto no País (IDP) foi mantido em US$ 70 bilhões. Segundo o BC, a estimativa leva em consideração a recuperação do componente de participação no capital, associado a lucros reinvestidos no país. Para 2025, as projeções para as contas externas indicam um déficit de US$ 58 bilhões, com destaque para as despesas líquidas com juros na conta de renda primária. O IDP também deve se manter em US$ 70 bilhões em 2025, impulsionado pelas boas perspectivas para exportações e o ritmo da atividade doméstica.
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