A divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central nesta terça-feira acentuou a preocupação com a inflação e indicou um cenário de juros mais elevados do que o previsto anteriormente. O documento detalhou os fatores que levaram à decisão de elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, atingindo 12,25% ao ano, e sinalizou dois novos aumentos de mesma magnitude nas próximas reuniões.
Piora nas Expectativas de Inflação
De acordo com Caio Megale, economista-chefe da XP, a ata expôs o agravamento das expectativas inflacionárias. A autoridade monetária justificou a necessidade de uma reação mais enérgica devido a fatores como a desvalorização do real, o aquecimento da economia e a alta persistente da inflação. Megale ressaltou que o Copom dedicou uma parte significativa da ata para descrever essa tendência desfavorável, que sinaliza uma pressão inflacionária mais intensa.
Taxa de Juros Neutra Aumenta
Outro ponto relevante destacado por Megale foi a elevação da taxa de juros neutra, que passou de 4,75% para 5%. Essa taxa, que não estimula nem retrai a atividade econômica, serve como base para o cálculo da Selic. Com o aumento, o Copom indicou que, mantidas as demais condições, será necessário um patamar de juros mais alto no curto prazo para controlar a inflação.
Riscos Cambiais e Fiscais
Leonardo Costa, economista do ASA, complementou a análise, observando que a ata reforçou a possibilidade de a taxa terminal da Selic ultrapassar os 2% de aumento já previstos para o início de 2025. Segundo Costa, o Copom demonstra preocupação com o repasse cambial, que representa um risco adicional para a inflação, e revisou para cima sua projeção de juro neutro.
A ata também abordou as preocupações com a deterioração fiscal. Costa mencionou que o Copom destacou a forte piora dos indicadores domésticos após o anúncio de um pacote econômico, o que agravou ainda mais o cenário. “Do lado fiscal, mencionam a forte deterioração dos indicadores domésticos após o anúncio do pacote, o que tornou o cenário ainda mais adverso”, disse.
Revisão das Projeções para a Selic
Diante deste cenário, Costa informou que o ASA irá revisar suas projeções para a Selic em 2024. A projeção atual da instituição é de que a taxa atinja 14,25% ao ano, mas a nova análise poderá elevar esse patamar.
O cenário econômico, portanto, apresenta-se desafiador, com a necessidade de medidas mais assertivas por parte do Banco Central para conter a inflação e garantir a estabilidade econômica. A ata do Copom evidencia que a trajetória dos juros poderá ser mais alta do que se projetava inicialmente, com impactos para os investimentos e o consumo. A recente decisão do Copom sinaliza aperto monetário prolongado, com possível alta da Selic em 2025, reforça a necessidade de acompanhar de perto as próximas movimentações do Banco Central, enquanto o mercado eleva projeções, como apontado no Boletim Focus, que já aponta para uma Selic de 14% em 2025 e inflação pressionada. Além disso, as preocupações com o cenário fiscal, detalhadas em Ajustes Fiscais e Expectativas Globais Agitam Mercados Financeiros, indicam que o mercado está atento às próximas decisões do governo em relação à economia e aos juros, após um choque do Copom, com apostas de mercado aumentando para 15% em 2025.
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