Em meio à rotina exaustiva, onde a repetição e a sensação de obrigação se acumulam, é possível transformar o cotidiano e enriquecer a experiência de vida. Pesquisas recentes em psicologia positiva revelam que, ao ajustarmos nossa mentalidade, podemos tornar o dia a dia mais interessante e criar uma riqueza psicológica significativa.
A riqueza psicológica, distinta da felicidade e do significado, refere-se a um profundo engajamento cognitivo. Estudos iniciais mostram que muitas pessoas valorizam experiências que estimulam suas mentes, as desafiam e geram uma variedade de emoções, preferindo uma vida com tais experiências, descrita como psicologicamente rica, a uma vida meramente feliz ou com significado.
Segundo a filosofia, essa riqueza é valiosa porque é interessante. O livro A Arte do Interessante: O que Perdemos na Busca por uma Vida Boa e Como Cultivá-la, da filósofa Lorraine Besser, explora como adicionar essa riqueza à vida. Besser, em colaboração com o pesquisador Shigehiro Oishi, investigou como a psicologia positiva tem negligenciado essa dimensão importante da boa vida.
Uma das formas mais acessíveis de tornar a vida mais interessante é adotar uma mentalidade caracterizada por curiosidade, criatividade e uma nova forma de atenção plena, denominada "mindfulness 2.0".
Mindfulness 2.0: Atenção sem julgamento
O "mindfulness 2.0" consiste em observar o mundo ao redor sem julgamento, prestando atenção a detalhes frequentemente ignorados: a textura das folhas de uma planta, os rostos de desconhecidos na rua, ou as diferentes alturas de produtos em uma prateleira. Essa prática estimula a mente e permite um engajamento ativo com o ambiente.
A prática do mindfulness 2.0 pode começar durante o trajeto matinal, por exemplo. Em vez de se distrair com notícias ou podcasts, observe as pessoas no ponto de ônibus, o fluxo do trânsito ou o voo dos pássaros. Essa atenção ativa engaja a mente e abre portas para o interessante.
Curiosidade: Explorando através de perguntas
A curiosidade não é exclusiva da infância. Há sempre algo novo para explorar. Ao notar detalhes através do mindfulness 2.0, a curiosidade pode ser ativada com perguntas. Ao notar um grupo de pessoas no ponto de ônibus, pergunte-se: o ponto sempre esteve lá? Há quanto tempo aquele anúncio está ali? Por que ninguém conversa?
Ao criar perguntas, a mente é desafiada a considerar novas perspectivas e gera novos pensamentos. Ao deixar a mente explorar livremente, experiências interessantes são criadas, transformando a rotina.
Criatividade: Experimentando o novo
A criatividade não é um dom exclusivo de artistas, mas uma habilidade acessível a todos. Ela envolve a formação de novas conexões na mente e surge ao fazer algo novo ou diferente. Pode ser pintar, usar novas combinações de roupas, desenvolver um novo prato ou ajustar uma receita. Essa capacidade de fazer conexões pode ser obtida por meio do estudo da neurociência, conforme publicado em estudo da PNAS.
A criatividade introduz novidades na rotina, estimulando a mente e proporcionando riqueza psicológica. Até mesmo pequenas mudanças, como usar uma roupa diferente, adicionar um toque à caligrafia ou mudar o padrão da tela do celular, podem tornar o dia mais interessante.
A experiência do interessante é única para cada indivíduo, dependendo de como a mente se engaja e reage. Ao desenvolver o mindfulness 2.0, a curiosidade e a criatividade, é possível treinar a mente para transformar qualquer experiência em algo interessante e enriquecedor.
Assim, ao mudar a mentalidade, é possível cultivar uma capacidade de enriquecer a própria vida, disponível a todos.
Além disso, é fundamental entender que o Direito à ciência é um pilar para o desenvolvimento do pensamento crítico e da inovação, elementos essenciais para uma vida psicologicamente rica.
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