Telescópios de rádio na Austrália detectaram sinais de rádio incomuns, originários de locais distantes na Via Láctea. A primeira detecção, GLEAM-X J162759.5−523504.3, a aproximadamente 4.000 anos-luz da Terra, exibiu pulsos brilhantes com períodos excepcionalmente longos – entre 30 e 60 segundos a cada 18,18 minutos – até cessar em março de 2018.
Uma segunda fonte, GPM J1839-10, localizada a 15.000 anos-luz, foi identificada posteriormente, emitindo rajadas de cinco minutos a cada 22 minutos, sendo detectada desde pelo menos 1988.
Um Terceiro Sinal e uma Possível Explicação
Recentemente, um terceiro sinal, GLEAM-X J0704-37, foi descoberto a cerca de 5.000 anos-luz de distância. Este apresenta o período mais longo até agora, com flashes de 30 a 60 segundos a cada 2,9 horas. A localização mais periférica na galáxia, na constelação de Puppis, permitiu aos astrônomos identificar a fonte com maior precisão.
Usando o radiotelescópio MeerKAT na África do Sul, os pesquisadores rastrearam a origem do sinal até uma única estrela: uma anã vermelha (tipo M) em órbita binária com uma anã branca. A astrofísica Natasha Hurley-Walker, da Universidade Curtin, comentou: "Os transientes de longo período são muito empolgantes, e para os astrônomos entenderem o que eles são, precisamos de uma imagem óptica. No entanto, quando você olha para eles, há tantas estrelas no caminho que é como em 2001: Uma Odisséia no Espaço. 'Meu Deus, está cheio de estrelas!'"
Anãs vermelhas são abundantes na Via Láctea, representando cerca de 70% das estrelas. Se uma anã vermelha comum pudesse emitir essa radiação de rádio, provavelmente haveria muitas mais emissões similares. Essa raridade sugere um fenômeno peculiar em GLEAM-X J0704-37.
O Papel da Anã Branca
A hipótese mais provável é que a anã branca, um remanescente estelar ultradenso, esteja na origem das emissões. Em uma órbita próxima da anã vermelha, ela poderia estar acumulando material de sua companheira, gerando feixes constantes de emissões de seus polos. Embora não possamos ver diretamente esses feixes, eles poderiam causar um brilho temporário na anã vermelha, semelhante ao observado no sistema binário AR Scorpii. Os cálculos sugerem que o sistema binário possa consistir em uma anã vermelha com cerca de 0,32 vezes a massa do Sol e uma anã branca com 0,8 vezes a massa do Sol.
Se confirmada a natureza da anã branca, GLEAM-X J0704-37 seria classificado como um pulsar de anã branca, um dos tipos mais raros de estrelas na Via Láctea. Pesquisas futuras, em comprimentos de onda de rádio e ultravioleta, buscarão evidências diretas da presença da anã branca, consolidando essa descoberta e aprofundando nossa compreensão dos fenômenos cósmicos. A descoberta lembra a complexidade de outros sistemas estelares, como a galáxia 'Firefly Sparkle', tão leve quanto a Via Láctea jovem, observada pelo Telescópio James Webb.
Vida fora de Planetas?
Em pesquisa publicada na revista *Astrobiology*, os professores Robin Wordsworth (Harvard) e Charles Cockell (Universidade de Edimburgo) questionam a necessidade de planetas para a existência de vida. Seu artigo, intitulado "Self-Sustaining Living Habitats in Extraterrestrial Environments", argumenta que ecossistemas poderiam criar e manter as condições necessárias para sua sobrevivência sem depender de um planeta. Eles sugerem que estruturas biológicas poderiam simular as condições planetárias essenciais para a vida, como a filtragem de luz visível e proteção contra radiação UV, manutenção da temperatura e pressão para água líquida, mesmo no vácuo do espaço.
Os autores destacam que organismos terrestres já demonstram capacidade de criar essas barreiras, citando exemplos como a pressão interna em algas marinhas (15-25 kPa) e as adaptações de formigas do deserto para regular a temperatura corporal. Materiais biológicos, como sílica amorfa e polímeros orgânicos, poderiam formar as paredes desses habitats, sustentando a vida em ambientes extraterrestres. A pesquisa conclui que a possibilidade de habitats vivos autônomos não pode ser descartada, abrindo novas perspectivas para a busca de vida além da Terra e desafiando nossas noções tradicionais de habitabilidade.
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