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Pesquisa sugere que humanos arcaicos e modernos podem ser da mesma espécie

Uma nova pesquisa propõe que as distinções entre humanos modernos e arcaicos podem ser menos significativas do que se pensava anteriormente. O estudo, liderado pelo biólogo Luca Pagani da Universidade de Pádua, na Itália, sugere que humanos modernos e arcaicos, incluindo neandertais e denisovanos, compartilham mais semelhanças do que diferenças. A pesquisa argumenta que essas populações devem ser consideradas como variações de uma mesma espécie humana, com o acúmulo independente de mutações e inovações culturais.

A equipe de pesquisadores analisou bancos de dados genômicos de fósseis de neandertais e denisovanos, bem como amostras de humanos modernos. Eles focaram em rearranjos cromossômicos e variações genéticas específicas. Um dos pontos centrais da análise foi a translocação da região pseudoautossômica 2 (PAR2), uma troca nas pontas dos cromossomos X e Y. Essa mudança, crucial para a reprodução e estabilidade genética masculina, ocorreu relativamente tarde na evolução dos primatas. A translocação da PAR2, juntamente com a fusão que gerou o cromossomo 2 humano, separa humanos de macacos e chimpanzés.

O estudo detalhou a cronologia da evolução humana, identificando três eventos cruciais:

  1. Um gargalo populacional há 900 mil anos.
  2. A separação entre neandertais, denisovanos e humanos modernos há 650 mil anos.
  3. A reintrodução de genes neandertais em humanos modernos há 350 mil anos.

Os pesquisadores identificaram que a alteração na PAR2 ocorreu antes do Evento 2, o que indica que mudanças genéticas essenciais que definem os humanos modernos surgiram mais cedo do que se acreditava. Segundo os autores, “os eventos que nos tornaram humanos são representados pela fusão do cromossomo 2 e pela translocação da PAR2”. A pesquisa levou em conta mutações na PAR2 do cromossomo Y, ausentes no X, o que auxiliou a identificar o momento em que o ancestral comum para a translocação ocorreu.

De acordo com a equipe, a translocação da PAR2 aconteceu mais próxima do Evento 1, um período de gargalo populacional para os ancestrais de Homo sapiens e neandertais, o que coincide com a fusão do cromossomo 2. Isso sugere que os alicerces genéticos que nos diferenciam surgiram há cerca de um milhão de anos. Posteriormente, variações na população, além de influências culturais, aprofundaram a separação entre humanos modernos e outras espécies.

A análise identificou variações funcionais em 56 genes entre humanos modernos e seus parentes distantes, muitas relacionadas a traços cerebrais e cranianos. Durante o Evento 3, a miscigenação entre neandertais e Homo sapiens não resultou na transmissão da maioria dessas características genéticas de volta para os neandertais. Fatores como pressão populacional ou normas sociais poderiam ser a explicação.

Embora o estudo não defina categoricamente as fronteiras entre as diferentes espécies humanas, ele aponta que a sobreposição entre humanos arcaicos e modernos é maior do que se pensava. A pesquisa, que ainda aguarda revisão por pares, está disponível em bioRxiv.

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Romário Nicácio

Administrador de redes, estudante de Ciências e Tecnologia (C&T) e Jornalismo, que também atua como redator de sites desde 2009. Co-fundador do Portal N10 e do N10 Entretenimento, com um amplo conhecimento em diversas áreas. Com uma vasta experiência em redação, já contribuí para diversos sites de temas variados, incluindo o Notícias da TV Brasileira (NTB) e o Blog Psafe. Sua paixão por tecnologia, ciência e jornalismo o levou a buscar conhecimentos nas áreas, com o objetivo de se tornar um profissional cada vez mais completo. Como co-fundador do Portal N10 e do N10 Entretenimento, tenho a oportunidade de explorar ainda mais minhas habilidades e se destacar no mercado, como um profissional dedicado e comprometido com a entrega de conteúdo de qualidade aos seus leitores. Para entrar em contato comigo, envie um e-mail para [email protected].

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