Um grupo de avaliação independente, convocado pelo Escritório do Chefe de Saúde e Médico da NASA (OCHMO), analisou recentemente os riscos de doença descompressiva (DCS) associados ao forame oval patente (FOP) em voos espaciais e testes terrestres. O FOP é uma abertura entre as câmaras cardíacas, que geralmente se fecha após o nascimento, mas persiste em cerca de 25% da população, podendo aumentar com a idade.
A DCS ocorre quando gases dissolvidos no sangue, principalmente nitrogênio, formam bolhas devido a uma rápida diminuição na pressão ambiente, como durante atividades extraveiculares (EVAs) no espaço, mergulho e aviação de alta altitude. Essas bolhas podem obstruir vasos sanguíneos, causar inflamação e danificar tecidos, resultando em sintomas como dor nas articulações (Tipo I) ou problemas neurológicos e cardíacos (Tipo II). Em casos mais graves, a DCS pode ser causada por êmbolos gasosos que chegam ao sistema arterial após passar por um FOP.
A Relação entre FOP e DCS
O FOP permite que êmbolos gasosos venosos passem diretamente para o lado esquerdo do coração e cheguem à circulação arterial, sem serem filtrados pelos pulmões. Este desvio pode aumentar o risco de eventos neurológicos, como um acidente vascular cerebral, especialmente em situações que aumentam a pressão no lado direito do coração. A preocupação da NASA reside no risco que o FOP pode trazer em atividades espaciais, principalmente durante as EVAs, nas quais os astronautas ficam sujeitos a uma menor pressão fora da espaçonave.
Objetivos do Grupo de Trabalho
O grupo de trabalho da NASA teve como objetivo:
- Quantificar o risco associado ao FOP em protocolos de descompressão durante testes terrestres e EVAs, tanto em situações planejadas quanto em emergências.
- Avaliar os benefícios e riscos do rastreamento do FOP em candidatos a astronautas e participantes de testes em câmaras pressurizadas.
- Identificar medidas de redução de risco em indivíduos considerados mais vulneráveis à DCS devido ao FOP.
- Recomendar pesquisas e desenvolvimentos tecnológicos para mitigar os riscos da DCS relacionada ao FOP.
Participaram do grupo especialistas em cardiologia, medicina hipobárica, medicina espacial e saúde ocupacional militar. Após análise de relatórios, estudos e casos, o grupo concluiu que:
Principais Conclusões
- Excluir ou tratar pessoas com FOP não elimina o risco de DCS, mas pode reduzi-lo levemente. Outros fatores fisiológicos têm maior impacto no risco de DCS.
- Não se recomenda o rastreamento de FOP em participantes de voos espaciais ou testes terrestres devido ao baixo risco, conforme os protocolos da NASA.
- A estratégia mais eficaz para reduzir o risco de DCS é assegurar um ambiente seguro, por meio de protocolos de pré-respiração eficazes e disponibilidade de tratamento rápido para sintomas de DCS, seja em terra ou no espaço.
- Não são necessárias novas pesquisas para caracterizar a relação entre FOP, DCS e exposição à altitude devido ao baixo risco e à priorização de protocolos de segurança e tratamento.
O relatório completo está disponível no site da NASA OCHMO Standards Team. A agência espacial pretende utilizar as conclusões para proteger a saúde e segurança dos astronautas em futuras missões.
A fisiopatologia da DCS, embora ainda não totalmente compreendida, envolve a formação de bolhas de gás no sangue e tecidos, impactando principalmente o sistema circulatório, o que pode causar graves problemas de saúde.
A NASA reforça que, embora o FOP seja um fator que pode contribuir para os riscos de DCS, sua presença isolada não é fator determinante para o aparecimento da doença. O controle rigoroso das variáveis ambientais e uma capacidade de tratamento imediato são essenciais para a segurança da tripulação.
Para mais informações sobre mitigação de riscos de DCS, consulte o documento técnico OCHMO-TB-037.
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