A missão DAVINCI (Deep Atmosphere Venus Investigation of Noble gases, Chemistry, and Imaging), da NASA, demonstra o espírito de inovação e exploração, inspirado em Leonardo da Vinci. Com lançamento previsto para o início da década de 2030, a missão explorará Vênus com uma espaçonave e uma sonda de descida. Esta sonda será a primeira no século 21 a atravessar a atmosfera de Vênus, desde as nuvens até a superfície. Além dela, as missões VERITAS, da NASA, e Envision, da Agência Espacial Europeia (ESA), também estudarão Vênus da órbita do planeta.
A espaçonave DAVINCI analisará as nuvens e as terras altas de Vênus durante dois sobrevoos. Posteriormente, lançará uma sonda esférica, com cerca de 90 centímetros de diâmetro, que mergulhará na densa atmosfera e nas nuvens corrosivas de Vênus, coletando dados e fotografando a superfície em alta resolução. A missão promete ser um marco na exploração de Vênus, com várias “primeiras vezes”.
Explorando o Terreno Único do Sistema Solar
A missão DAVINCI será a primeira a investigar de perto Alpha Regio, uma região conhecida como “tessera”. Estas áreas montanhosas, encontradas apenas em Vênus e que correspondem a cerca de 8% da superfície, assemelham-se a montanhas terrestres. Missões anteriores detectaram essas estruturas usando radares, mas nenhuma das sondas que atravessaram a atmosfera venusiana entre 1966 e 1985 estudou ou fotografou as tesseras.
As tesseras, como Alpha Regio, são consideradas possíveis continentes antigos e podem conter rochas com bilhões de anos. O estudo dessas rochas pode revelar se Vênus teve continentes e oceanos no passado, e como a água influenciou a superfície. Ao analisar essas formações, os cientistas da missão DAVINCI esperam desvendar os mistérios da história de Vênus.
As Primeiras Fotos Detalhadas de Uma das Superfícies Mais Antigas de Vênus
A sonda DAVINCI captará as primeiras imagens detalhadas de Alpha Regio com suas câmeras infravermelhas e ópticas, as primeiras fotos da superfície em mais de 40 anos. As condições extremas de Vênus, com temperaturas de cerca de 480°C e uma pressão atmosférica 90 vezes superior à da Terra, tornam a exploração desafiadora. A atmosfera densa também impede a observação direta, forçando cientistas a dependerem de radares.
Ao descer pela atmosfera e abaixo das nuvens, a sonda DAVINCI obterá uma visão clara do terreno, similar a uma vista de avião ao pousar na Terra. Essas imagens ajudarão a criar mapas 3D mais detalhados de Alpha Regio, permitindo a identificação de rochas que geralmente se formam na presença de água. A missão promete revolucionar a compreensão da geologia venusiana.
Visualização artística da sonda de descida da DAVINCI na superfície de Vênus. NASA’s Scientific Visualization Studio
Desvendando a Atmosfera Inferior de Vênus
A missão DAVINCI será a primeira a analisar a composição química da atmosfera inferior de Vênus, com medições realizadas em intervalos regulares, a partir de cerca de 27.000 metros acima da superfície, até o momento do impacto. Esta região é crucial, pois contém gases e compostos químicos que podem se originar nas nuvens inferiores, na superfície ou mesmo no subsolo.
A presença de compostos de enxofre, por exemplo, pode indicar atividade vulcânica recente ou em curso. Gases nobres, como hélio e xenônio, mantêm concentrações estáveis e oferecem pistas sobre o passado de Vênus, como a quantidade de água que o planeta possuía. Ao comparar a composição de gases nobres de Vênus com a da Terra e Marte, será possível entender por que esses planetas evoluíram de forma tão distinta.
Além disso, as medições de isótopos e gases traços na atmosfera inferior da DAVINCI vão revelar dados importantes sobre a história da água em Vênus e os processos que causaram o efeito estufa extremo no planeta. A NASA testa tecnologia para medir ondas de choque do X-59, similar em complexidade tecnológica à sonda DAVINCI, demonstra o avanço na exploração espacial.
Tecnologia de Ponta para um Estudo Detalhado de Vênus
A sonda DAVINCI utiliza tecnologia moderna que permite estudos que não eram possíveis com as sondas da década de 1980. Ela será protegida com isolamento térmico multicamadas, composto por cerâmica avançada, sílica e folhas de alumínio, para proteger seus componentes eletrônicos das altas temperaturas.
A descida da sonda será retardada pela densa atmosfera venusiana, e um paraquedas será empregado para reduzir ainda mais a velocidade. O material utilizado para o paraquedas será resistente a ácidos e cinco vezes mais forte que o aço, já que os materiais comuns, como o nylon, se dissolveriam nas nuvens de ácido sulfúrico de Vênus.
A missão DAVINCI, gerenciada pelo Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA, promete trazer novas revelações sobre Vênus, contribuindo para uma compreensão mais completa do nosso sistema solar. Assim como a sonda atmosférica da NASA que realizou voo de teste bem-sucedido, a DAVINCI representa um salto significativo na tecnologia de exploração planetária.
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