A lua Io, de Júpiter, conhecida por ser o corpo celeste mais vulcânico do Sistema Solar, com cerca de 400 vulcões ativos e extensos fluxos de lava, tem sua atividade geológica impulsionada por câmaras de magma localizadas, e não por um oceano global de magma sob sua superfície, como se pensava anteriormente. A descoberta foi feita por uma equipe internacional de pesquisadores que analisou imagens da sonda Juno, da Nasa, além de medições gravitacionais e dados históricos das deformações de Io.
Os resultados contrariam teorias anteriores que sugeriam a existência de um oceano de magma global e indicam que o manto da lua é, em sua maioria, sólido. O estudo, publicado na revista Nature, questiona a compreensão sobre a formação e evolução de planetas e luas, já que oceanos de magma são considerados comuns em muitos mundos, especialmente em suas fases iniciais de formação. A descoberta pode levar a uma revisão de como esses corpos celestes se desenvolvem.
Descoberta do Vulcanismo de Io
Io foi observada pela primeira vez em 1610 por Galileu Galilei, mas seu vulcanismo só foi descoberto em 1979 pela cientista Linda Morabito, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa, quando ela identificou uma pluma vulcânica em uma imagem da sonda Voyager 1. “Desde a descoberta de Morabito, os cientistas planetários se perguntam como os vulcões são alimentados pela lava sob a superfície”, disse o físico espacial Scott Bolton, do Southwest Research Institute em San Antonio. “Havia um oceano raso de magma incandescente alimentando os vulcões ou sua fonte era mais localizada? Sabíamos que os dados dos dois voos muito próximos de Juno poderiam nos dar algumas informações sobre como essa lua torturada realmente funcionava.”
A lua orbita Júpiter a cada 42,5 horas, sofrendo forças gravitacionais intensas que constantemente remodelam sua forma. Esse fenômeno, conhecido como flexão de maré, gera enormes quantidades de calor interno. No entanto, as deformações observadas no novo estudo não são grandes o suficiente para sustentar a existência de um oceano de magma global próximo à superfície. Pesquisas anteriores sobre leituras gravitacionais haviam indicado que a presença de um oceano de magma global resultaria em deformações muito maiores.
Entendendo a Flexão de Maré
“Essa flexão constante cria uma energia imensa, que literalmente derrete partes do interior de Io”, explicou Bolton. “Se Io tivesse um oceano global de magma, sabíamos que a assinatura de sua deformação de maré seria muito maior do que um interior mais rígido e principalmente sólido.” As erupções e fluxos de lava em Io podem atingir centenas de quilômetros de extensão. Sua superfície, por vezes comparada a uma pizza, é coberta por resíduos coloridos de atividade vulcânica, incluindo silicatos e dióxido de enxofre. É um mundo montanhoso e em constante transformação, descrito como permanentemente em chamas.
Além de elucidar aspectos da lua joviana, a pesquisa também fornece dados importantes sobre os efeitos da flexão de maré no interior de luas e planetas, o que poderá ser útil em estudos futuros. Segundo Ryan Park, engenheiro aeroespacial do JPL, “Isso tem implicações para nossa compreensão de outras luas, como Encélado e Europa, e até mesmo exoplanetas e super-Terras”. Além disso, as descobertas da missão Juno, da NASA, também têm relevância para o planejamento de futuras explorações espaciais, incluindo o estudo de outros corpos celestes e a busca por vida além da Terra. O estudo sobre Io é um passo crucial para aprofundarmos nosso conhecimento sobre a geologia planetária e os processos que moldam os mundos ao nosso redor.
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