Ciência

Estudo da NASA revela que samambaias facilitam a recuperação de ecossistemas após desastres ambientais

Uma pesquisa apoiada pela NASA propõe uma nova perspectiva sobre o papel das samambaias na recuperação de ecossistemas afetados por desastres naturais. Contrariando a ideia de que competem com outras espécies, o estudo sugere que as samambaias atuam como facilitadoras, preparando o terreno para o restabelecimento de outras plantas e animais em áreas degradadas.

O estudo, publicado na revista BioScience, examinou como a biosfera se recupera de grandes catástrofes, como incêndios florestais ou impactos de asteroides. A equipe de cientistas, apoiada pela NASA, utilizou uma abordagem ‘facilitadora’ (onde as ações dos organismos se ajudam mutuamente), em vez do tradicional modelo ‘baseado na competição’.

Samambaias na História da Terra

As samambaias, plantas vasculares comuns em diversos ambientes, incluindo florestas e jardins, se reproduzem através de esporos, e não por flores ou sementes. Surgiram há cerca de 360 milhões de anos, durante o período Devoniano, e dominaram a Terra antes da evolução das plantas com flores. Elas são frequentemente as primeiras a se restabelecer em áreas afetadas por grandes eventos, o que é atribuído à grande quantidade de esporos que produzem, facilmente dispersos pelo vento.

Embora a visão tradicional as veja como competidoras de sucesso, o estudo recente aponta para interações positivas. Segundo a autora principal, Lauren Azevedo Schmidt, da Universidade da Califórnia em Davis, “É hora de reexaminar as interações positivas dentro dos ecossistemas, em vez de optar pelo modelo de competição”. Azevedo Schmidt adiciona que “Adoro imaginar ecossistemas através do tempo e brincar comigo mesma perguntando: ‘se eu pudesse ficar aqui por 1 milhão de anos, isso fossilizaria?’. Por causa da ginástica mental que faço, minhas perguntas de pesquisa seguem o mesmo caminho. Como criar sinergia entre pesquisa moderna e paleo pesquisa?”

A equipe analisou dados de fósseis e observações de organismos modernos para propor que as samambaias estabilizam o solo, melhoram suas propriedades e mediam a competição entre outras plantas, atuando como facilitadoras da recuperação ecológica. Essa perspectiva redefine o papel das samambaias em habitats perturbados e tem amplas implicações para entender a importância das interações positivas após eventos de perturbação. A longevidade das samambaias, que sobreviveram a climas extremos e extinções em massa, oferece informações cruciais para entender a história da Terra e a vida antes da influência humana.

Implicações para a Astrobiologia e Missões Espaciais

A pesquisa também discute a relevância das samambaias para a astrobiologia e exobiologia. O estudo da evolução da vida na Terra, mesmo em cenários de grandes desastres, ajuda a compreender o potencial para a origem, evolução e distribuição da vida em outros lugares do universo. Segundo Azevedo Schmidt, o evento de extinção do Cretáceo-Paleogeno [K-Pg] resultou na extinção de 75% das espécies e até 90% das plantas, algo que a humanidade não vivenciou. “Mas é algo que devemos considerar ao lidar com pesquisas e questões em torno da exobiologia”, ela acrescenta.

Além disso, a resiliência das samambaias e sua capacidade de regenerar ambientes danificados podem torná-las parceiras valiosas em futuras missões espaciais. O programa de Biologia Espacial da NASA tem financiado estudos sobre a adaptação de plantas ao espaço, visando o cultivo de alimentos frescos. O conhecimento adquirido com plantas resilientes como as samambaias pode direcionar esforços para tornar as culturas mais adaptáveis às condições espaciais adversas, garantindo fontes de alimento confiáveis para missões além da Terra. Estudos anteriores também exploraram o potencial das plantas para purificar o ar em espaços fechados como a Estação Espacial Internacional, ou em habitats lunares e marcianos.

Azevedo Schmidt resume: “As samambaias conseguiram transformar completamente a biosfera da Terra após a devastação do evento de extinção K-Pg [Cretáceo-Paleogeno]. O ambiente experimentou incêndios em escala continental, chuva ácida e inverno nuclear, mas as samambaias foram capazes de tolerar um estresse inacreditável e tornar seu ambiente melhor. Acho que todos podemos aprender algo com as poderosas samambaias.”

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Romário Nicácio

Administrador de redes, estudante de Ciências e Tecnologia (C&T) e Jornalismo, que também atua como redator de sites desde 2009. Co-fundador do Portal N10 e do N10 Entretenimento, com um amplo conhecimento em diversas áreas. Com uma vasta experiência em redação, já contribuí para diversos sites de temas variados, incluindo o Notícias da TV Brasileira (NTB) e o Blog Psafe. Sua paixão por tecnologia, ciência e jornalismo o levou a buscar conhecimentos nas áreas, com o objetivo de se tornar um profissional cada vez mais completo. Como co-fundador do Portal N10 e do N10 Entretenimento, tenho a oportunidade de explorar ainda mais minhas habilidades e se destacar no mercado, como um profissional dedicado e comprometido com a entrega de conteúdo de qualidade aos seus leitores. Para entrar em contato comigo, envie um e-mail para [email protected].

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