Ciência
Tendência

ESA busca colaboração global para zerar detritos espaciais

A crescente quantidade de detritos espaciais em órbita da Terra é um problema que exige atenção imediata e colaboração internacional. A Agência Espacial Europeia (ESA) está liderando um esforço ambicioso para alcançar o objetivo de zero detritos espaciais, reconhecendo que a inércia não é uma opção. A iniciativa destaca a necessidade urgente de ações mais ambiciosas de todos os atores espaciais para prevenir, mitigar e remediar a acumulação desses resíduos.

A ESA publicou o Zero Debris Technical Booklet, um documento que detalha os desafios para um futuro sem detritos e propõe soluções para atingir essa meta. O desenvolvimento do livreto é uma consequência da assinatura da Zero Debris Charter por membros da comunidade que busca eliminar os detritos espaciais. O relatório enfatiza que, apesar das iniciativas recentes de mitigação, há um consenso geral de que é necessária uma ação mais enérgica por parte de todos os envolvidos.

O documento se baseia nas Diretrizes para a Sustentabilidade a Longo Prazo das Atividades Espaciais da ONU, que apontam como o acesso ao espaço é dificultado pelos detritos. O livreto define metas claras e apresenta as necessidades técnicas, soluções e facilitadores essenciais para que as organizações alcancem o objetivo de zero detritos. Uma das primeiras ações cruciais é interromper a geração de novos resíduos.

Prevenção e mitigação

A prevenção começa com a eliminação da liberação não intencional de detritos. Materiais expostos ao ambiente espacial podem se degradar durante e após as missões, e impactos não intencionais podem gerar mais resíduos. O livreto da ESA enfatiza o desenvolvimento de tecnologias de isolamento e revestimento multicamadas que impeçam a degradação a longo prazo dos materiais, além de tecnologias que resistam a impactos. Monitoramento aprimorado, simulações e testes mais rigorosos são essenciais para atingir esse objetivo. A agência também defende o desenvolvimento de sistemas de propulsão alternativos, como cabos eletromagnéticos, cabos de transferência de momento e dispositivos de aumento da pressão de arrasto ou radiação solar, que minimizam a liberação de pequenas partículas, como acontece com algumas tecnologias atuais.

Gerenciamento e coordenação do tráfego espacial

Um gerenciamento e coordenação de tráfego espacial mais eficientes são cruciais. De acordo com o documento, isso ajudará a prevenir colisões e reduzir as manobras de desvio desnecessárias. No entanto, para que isso funcione, as agências espaciais terão que compartilhar informações, o que pode gerar algumas dificuldades. O livreto explica que diretrizes padronizadas precisarão ser desenvolvidas e adotadas para viabilizar o processo.

Para os detritos já existentes, a remoção é a única solução. O livreto indica que é necessário avaliar os satélites inativos para determinar a melhor forma de retirá-los de órbita, evitando sua fragmentação. Após a avaliação, é necessário desenvolver métodos confiáveis e adaptáveis para remoção, o que exigirá tecnologia e comunicação entre as nações. A ESA destaca a necessidade de interfaces e requisitos interoperáveis que facilitem a remoção de objetos de diferentes tipos e tamanhos, além de estratégias de descarte diversas.

Sistemas de remoção podem variar de velas solares implantáveis, como o Canadian Advanced Nanospace eXperiment-7 (CanX-7), que alcançou uma taxa de decaimento de 20 km por ano, a sistemas de Remoção Ativa de Detritos (ADR), como o Clearspace-1, que demonstrará tecnologias para encontrar, capturar e remover satélites inativos, como o PROBA-1.

A previsão e prevenção de colisões também são essenciais. O crescente número de detritos e o risco de colisões exigem que os operadores realizem manobras de desvio, o que pode ser parcialmente resolvido durante a fase de projeto, mas inevitavelmente requer coordenação. O livreto da ESA defende a cooperação entre agências, a padronização das avaliações de colisão e o desenvolvimento de métodos para integrar avaliações de risco de diferentes provedores. O uso de algoritmos de aprendizado de máquina e o desenvolvimento de ferramentas de rastreamento óptico e de rádio são parte da solução.

Desafios e cooperação

A ESA reconhece que, embora a tecnologia seja fundamental, a cooperação é o maior desafio. Diferentes nações têm ideologias, políticas e lideranças distintas, e algumas estão ativamente criando mais detritos, como os testes de mísseis antissatélites realizados pela China em 2007, pela Rússia em 2017 e pela Índia em 2019. A agência ressalta que o problema dos detritos espaciais só pode ser resolvido por meio da cooperação global, assim como acontece com outros desafios globais como as mudanças climáticas.

Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.

Romário Nicácio

Administrador de redes, estudante de Ciências e Tecnologia (C&T) e Jornalismo, que também atua como redator de sites desde 2009. Co-fundador do Portal N10 e do N10 Entretenimento, com um amplo conhecimento em diversas áreas. Com uma vasta experiência em redação, já contribuí para diversos sites de temas variados, incluindo o Notícias da TV Brasileira (NTB) e o Blog Psafe. Sua paixão por tecnologia, ciência e jornalismo o levou a buscar conhecimentos nas áreas, com o objetivo de se tornar um profissional cada vez mais completo. Como co-fundador do Portal N10 e do N10 Entretenimento, tenho a oportunidade de explorar ainda mais minhas habilidades e se destacar no mercado, como um profissional dedicado e comprometido com a entrega de conteúdo de qualidade aos seus leitores. Para entrar em contato comigo, envie um e-mail para [email protected].

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Botão Voltar ao topo
Fechar

Permita anúncios para apoiar nosso site

📢 Desative o bloqueador de anúncios ou permita os anúncios em nosso site para continuar acessando nosso conteúdo gratuitamente. Os anúncios são essenciais para mantermos o jornalismo de qualidade.