A Associação dos Supermercados do Rio Grande do Norte (Assurn) revelou que o setor supermercadista está empenhado em minimizar os efeitos da inflação sobre os consumidores. De acordo com Gilvan Mikelyson, presidente da associação, os estabelecimentos têm absorvido parte dos aumentos nos preços dos produtos, em vez de repassá-los integralmente ao consumidor final.
Mikelyson destacou que a percepção de que os supermercados se beneficiam da inflação é equivocada. “Existe um estigma de que o supermercado ou o supermercadista está ganhando com isso, com a inflação. E é errado pensar dessa forma. Pelo contrário, cada vez mais a gente não consegue repassar”, declarou em entrevista à rádio 98 FM. Ele explicou que os supermercados funcionam como repassadores de preços, e não como produtores, o que limita seu poder de controle sobre os valores dos produtos.
Para atenuar o impacto no orçamento familiar, os empresários do setor têm adotado estratégias como a utilização de estoques antigos e a redução de suas margens de lucro. Segundo Mikelyson, “não repassamos todos os aumentos de uma vez. Usamos, às vezes, um estoque de segurança para manter o preço antigo, reduzimos nossa margem de contribuição para os produtos, para não obstruir o consumo e a venda”.
Como exemplo, o presidente da Assurn citou o caso do café, cujo preço do pacote de 250 gramas poderia ter atingido cerca de R$ 15, mas ainda é encontrado por valores mais baixos devido ao uso de estoques adquiridos antes do aumento. “É o esforço do empresário, da loja, deixando sua margem mais achatada para manter o mínimo de consumo”, explicou.
Além do café, Mikelyson mencionou o impacto nos preços de outros itens essenciais como óleo, tomate e leite. Ele explicou que, em alguns momentos, os produtores optam por segurar os reajustes, mas quando precisam repassar, o aumento acontece de forma concentrada, causando um impacto maior e repentino aos consumidores. “Quando você consome o seu estoque, vai chegar um momento que você precisa comprar novamente, mas já não consegue mais pelo preço antigo. E aí o repasse acontece de forma acumulada, causando um impacto repentino”, esclareceu o presidente da Assurn.
A falta de previsibilidade também foi apontada como um grande desafio para os supermercadistas, tornando a gestão de compras e a definição de preços uma tarefa cada vez mais complexa. “Hoje, a previsibilidade nas áreas comerciais das empresas, para acertar o volume de compra, o preço de compra e como será repassado para o consumidor, tem sido um desafio muito grande”, concluiu Mikelyson.
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