O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (CREMERN) emitiu um alerta preocupante sobre a grave crise que assola a saúde pública do estado. Durante entrevista à rádio 94 FM, o presidente da entidade, Dr. Marcos Jácome, detalhou os desafios enfrentados por hospitais públicos, a irregularidade nos pagamentos de profissionais terceirizados e o desabastecimento de insumos essenciais.
Segundo Dr. Jácome, a situação é crítica, especialmente em hospitais como o Walfredo Gurgel, em Natal, e o Tarcísio Maia, em Mossoró. “Hoje, para oferecer uma saúde pública de qualidade, especialmente em hospitais como o Walfredo Gurgel e o Tarcísio Maia, em Mossoró, é muito difícil. A falta de insumos, aliada à irregularidade no pagamento de terceirizados, compromete diretamente o atendimento à população”, afirmou o presidente do CREMERN. A falta de recursos básicos e a instabilidade nos pagamentos comprometem diretamente o atendimento à população.
Um dos pontos mais críticos destacados pelo CREMERN é o atraso de mais de seis meses nos pagamentos de médicos contratados por meio de cooperativas, como a Copimed. “É incabível que profissionais fiquem meses sem receber seus salários. Isso afeta não só os trabalhadores, mas também a qualidade do serviço prestado”, enfatizou Dr. Jácome. A falta de remuneração adequada impacta diretamente a motivação e o desempenho dos profissionais de saúde, refletindo na qualidade dos serviços oferecidos.
Recentemente, o CREMERN realizou fiscalizações em hospitais do estado, como o Hospital Walfredo Gurgel e o Hospital dos Pescadores, em Natal. No Walfredo Gurgel, foi constatada a necessidade de realocação do setor de endoscopia digestiva após um desabamento no teto. Além disso, o déficit de escalas na cirurgia geral, motivado por atrasos salariais, só foi resolvido após medidas emergenciais.
No Hospital dos Pescadores, a equipe do CREMERN encontrou desabastecimento de itens básicos, como soro fisiológico, e superlotação. “Pacientes permaneciam horas sentados em cadeiras tomando soro, uma situação desumana e inaceitável”, relatou o Dr. Jácome. A superlotação e a falta de recursos básicos comprometem a dignidade dos pacientes e a eficiência do atendimento.
Outro fator que agrava a crise é a transição de governos municipais. De acordo com o presidente do CREMERN, prefeitos que encerram seus mandatos deixam dívidas, que os novos gestores alegam não poder assumir. Essa descontinuidade administrativa causa ainda mais prejuízos à assistência da população.
O CREMERN tem acompanhado as ações judiciais relacionadas à saúde. A entidade está em contato com a Procuradoria do Trabalho para discutir a responsabilidade dos gestores em garantir pagamentos regulares. “É essencial garantir que os serviços de saúde funcionem sem interrupções, e para isso os profissionais precisam ser remunerados em dia”, salientou o presidente do conselho.
Apesar dos desafios, o CREMERN também destacou avanços na assistência ao pé diabético. Em parceria com a Justiça Federal, o conselho promoveu capacitações para mais de 200 profissionais em Natal e Mossoró. O objetivo é reduzir o alto índice de amputações no estado e fortalecer a assistência em cidades-polo, como Pau dos Ferros.
Dr. Jácome ressaltou que, embora haja esforços isolados, a falta de políticas públicas efetivas e de planejamento prejudica os avanços. “O CREMERN continuará fiscalizando e cobrando providências para garantir o mínimo de dignidade à população que depende da saúde pública no Rio Grande do Norte”, finalizou o presidente. A crise na saúde do estado exige ações coordenadas entre os gestores estaduais e municipais, para assegurar pagamentos em dia, abastecimento de insumos e infraestrutura adequada nos hospitais.
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