O Rio Grande do Norte deu início a um ambicioso programa de recuperação preventiva de açudes e barragens públicas, uma iniciativa inédita nas últimas décadas. A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH) lidera o projeto, que visa assegurar o armazenamento de água, otimizar seu uso e garantir a segurança da população.
Nesta primeira fase, sete reservatórios, selecionados entre os 28 inspecionados, estão recebendo intervenções. Equipes técnicas da SEMARH, Defesa Civil, Instituto de Gestão de Águas do Estado do Rio Grande do Norte (IGARN) e prefeituras municipais atuam em conjunto.
A governadora Fátima Bezerra comemorou o início das obras, afirmando: “O Rio Grande do Norte está inaugurando um novo tempo. Estamos preparando a estrutura para operar nossos reservatórios de forma planejada, visando a melhor forma possível do uso de nossas reservas hídricas para abastecimento humano, produção de alimentos e também para matar a sede dos animais. Essa é uma reivindicação antiga dos movimentos sociais e das prefeituras que estamos executando.”
O secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Paulo Varella, destacou a importância estratégica da ação para a gestão dos recursos hídricos do estado. Segundo Varella: “É preciso que essas barragens se tornem fonte e base do desenvolvimento local. As comportas precisam funcionar, as paredes ou barramentos precisam estar íntegros. Elas não podem correr risco de rompimento, que causaria grandes danos.” O trabalho abrange o reforço de paredes, remoção de erosões, limpeza de taludes, recuperação de calhas e reparos em equipamentos hidromecânicos.
Açude Boqueirão de Angicos: um caso de sucesso
O açude Boqueirão de Angicos, em Afonso Bezerra, concluiu sua manutenção. Construído em 1989, o reservatório, com capacidade para 16 milhões de metros cúbicos, abastece comunidades rurais, apoia o cultivo agrícola e fomenta a pesca. Após anos de reivindicações por melhorias, o açude, que apresentava 56,2% de sua capacidade (9 milhões de metros cúbicos) de acordo com a ANA e IGARN, agora está totalmente operacional. O engenheiro agrônomo Carlos Nobre de Oliveira, coordenador da Assessoria Técnica da Semarh, explicou:
“Durante esse tempo, a gente fazia intervenções, mas não conseguia deixar o reservatório totalmente em operação. Agora, não. Dessa vez fizemos a troca de registros, a recuperação da estrutura que envolve os equipamentos hidromecânicos, deixando o reservatório totalmente operacional. Agora, sim! Em vez de ter essa água armazenada evaporando, já temos condições de liberar vazões conforme a necessidade, beneficiando inúmeras pequenas propriedades que ficam às margens do rio”.
Nobre destacou a natureza inédita do programa, afirmando que, em duas décadas na SEMARH, nunca havia visto um programa tão abrangente de recuperação preventiva. O diretor geral do IGARN, Procópio Lucena, corroborou a importância da iniciativa, ressaltando o foco do governo atual na questão das barragens, garantindo “segurança hídrica, segurança da população, mais água para consumo humano, para atividades que geram renda”.
Além do Boqueirão de Angicos, a primeira fase do programa inclui os açudes: Calabouço (Passa e Fica), Carnaúba (São João do Sabugi), Orós da Melancia (Fernando Pedroza), Rodeador (Umarizal), Passagem (Rodolfo Fernandes) e Tourão (Patu).
Outros três reservatórios também receberam manutenção: Açude Lucrécia (recursos do Banco Mundial, via Programa Governo Cidadão), Barragem Tabatinga (Macaíba), e Passagem das Traíras (recursos federais do DNOCS).
Detalhes técnicos dos Açudes (seleção)
Açude Boqueirão de Angicos: Município: Afonso Bezerra; Construção: 1989; Capacidade: 16 milhões/m³; Volume atual: 9,0 milhões; Bacia Hidrográfica: Piranhas/Açu; Origem dos recursos: Tesouro Estadual; Utilização: Abastecimento de comunidades rurais, culturas de vazante, atividade pesqueira, perenização de rio.
Açude Carnaúba: Município: São João do Sabugi; Construção: 2002; Capacidade: 25,7 milhões/m³; Volume atual: 2 milhões; Bacia Hidrográfica: Piranhas/Açu; Origem dos recursos: Tesouro Estadual; Utilização: Culturas de vazante, atividade pesqueira, perenização.
Açude Rodeador: Município: Umarizal; Ano da construção: 1994; Capacidade: 21,4 milhões m³; Volume atual: 9,3 milhões; Origem dos recursos: Tesouro Estadual; Utilização: Abastecimento de água das cidades de Umarizal e Rafael Godeiro, culturas de vazante, atividade pesqueira, perenização de rio.
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