Rio Grande do Norte

Projeto da UFRN apoia sertanejos nos períodos de seca

Buscando apoiar agricultores familiares do Rio Grande do Norte, por meio da implementação de processos tecnológicos alternativos em relação à seca, tirando proveito ambiental e econômico, o professor Deusimar Freire Brasil, do Centro de Biociências (CB) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), desenvolve juntamente com outros professores, técnico-administrativos e discentes, bem como com os agricultores familiares, o projeto denominado “Ayram — ação interinstitucional potiguar de apoio aos agricultores familiares do RN a partir de uma relação alternativa com a seca”.

“Queremos que o agricultor familiar estabeleça uma reação produtiva com a seca, revelando que esta não é apenas aquela situação mostrada na TV, do solo rachado, de animais mortos e pessoas chorando com fome. Na perspectiva do Projeto Ayram, pode ser possível mostrar uma situação melhor no Nordeste”, afirma o coordenador deste projeto.

A proposta tem como foco central desenvolver alternativas à situação de seca que acomete o Nordeste do Brasil, onde se tem uma situação de pouca água, que em alguns períodos pode se apresentar barrenta e salgada, em barragens e açudes quase ou completamente secos, como o reservatório Armando Ribeiro Gonçalves, o maior do Rio Grande do Norte. Devido à estiagem o reservatório Armando Ribeiro, em Assu, chegou a ficar com 49,16% da sua capacidade total e o reservatório de Cruzeta, também no RN, em estado ainda mais crítico, com apenas 16% da capacidade.

Diante da situação, a segurança alimentar e nutricional dos agricultores e suas famílias ficou afetada. A falta de água e capim forçou os criadores a soltarem seus animais para que procurassem sozinhos esses recursos. A situação de seca fez subir o preço dos alimentos no Nordeste e no Brasil, como no estado da Bahia, onde o preço do feijão aumentou cinco vezes na cidade de Conquista. Em Crato, no Ceará, a saca do milho chegou a subir de R$ 18 para R$ 50. O projeto Ayram (sol em Tupi-Guarani) se apresenta como uma ação interinstitucional que tem o objetivo de apoiar os agricultores familiares do Rio Grande do Norte afetados por um longo período de seca.

A proposta do projeto de extensão é apoiar os agricultores familiares por meio da implantação de processos produtivos mesmo em condições de seca. Para tanto, é preciso mudar o paradigma da produção rural, o que significa cultivar plantas e criar animais que sejam resistentes ou tolerantes a essa condição climática. A iniciativa é desenvolvida com agricultores assentados da reforma agrária por meio de atividades de capacitação e implantação de processos produtivos adaptados à condição de estiagem ou seca.

Ao longo desse tempo, existe um trabalho contínuo que foi articulado por um conjunto de parcerias entre a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Banco do Brasil, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Pesca (SAPE), Prefeituras dos municípios envolvidos, Arco Mato-Grande e demais associações comunitárias dos assentamentos e comunidades rurais.

A importância do projeto, segundo o coordenador, ocorre a partir de um contexto de análise dos aspectos regionais. “Por estarmos numa região denominada Polígono das Secas, que apesar de tudo tem chuvas, o projeto visa a mostrar como trabalhar com a água disponível na região”, ressalta. A proposta é criar uma cultura entre os agricultores familiares de se prepararem para as condições do semiárido, o que significa basicamente armazenar água e produzir alimentos para consumo durante a época de estiagem. Nesse contexto, é fundamental a realização de plantios de plantas e criações de animais que chegam a produzir, mesmo em condições de estresse hídrico.

Na mentalidade do pequeno agricultor nordestino, existe a preocupação com a ideia de combater a seca, mas, tirando como exemplo a situação da Europa, que vive uma parte do ano com a neve, “a seca aqui é uma questão natural a que devemos nos adaptar e buscar alternativas que nos possibilitem usar o que temos, como o sol em abundância, e podemos usar a água, basta apenas armazenar”, relata o professor Deusimar.

O coordenador do projeto destaca que o sol no Nordeste, um dito mal a todos, faz com que a região tenha uma alta taxa fotossintética o ano inteiro, que possibilita frutas mais doces na região, colocando-as entre as melhores do mundo. Além desse fator, essa redução de umidade, no caso da fruticultura, reduz o ataque de pragas e doenças.

O projeto Ayram tem o objetivo de mostrar às pessoas que a situação não é tão ruim, pelo contrário, por ter sol o ano inteiro, ter água, pode-se armazenar. “Para obter resultados favoráveis à seca é preciso que essa ação seja trabalhada junto com os agricultores,por meio da organização social que esse processo proporciona”, frisa Deusimar.

O projeto é fruto de uma experiência construída com esses agricultores desde o ano de 2004, com apoio das pró-reitorias de Extensão e Administração e envolvendo professores e estudantes do CB (Departamento de Oceanografia), CCHLA (Departamento de Geografia), CCSA (Departamento de Serviço Social) e da Escola Agrícola de Jundiaí.

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Romário Nicácio

Administrador de redes, estudante de Ciências e Tecnologia (C&T) e Jornalismo, que também atua como redator de sites desde 2009. Co-fundador do Portal N10 e do N10 Entretenimento, com um amplo conhecimento em diversas áreas. Com uma vasta experiência em redação, já contribuí para diversos sites de temas variados, incluindo o Notícias da TV Brasileira (NTB) e o Blog Psafe. Sua paixão por tecnologia, ciência e jornalismo o levou a buscar conhecimentos nas áreas, com o objetivo de se tornar um profissional cada vez mais completo. Como co-fundador do Portal N10 e do N10 Entretenimento, tenho a oportunidade de explorar ainda mais minhas habilidades e se destacar no mercado, como um profissional dedicado e comprometido com a entrega de conteúdo de qualidade aos seus leitores. Para entrar em contato comigo, envie um e-mail para [email protected].

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