Na manhã desta sexta-feira (27), a Polícia Civil do Rio Grande do Norte realizou uma operação que resultou na prisão de um dos supostos mandantes do assassinato do prefeito de João Dias, Francisco Damião de Oliveira, conhecido como Marcelo Oliveira, de 38 anos, e de seu pai, Sandi Alves de Oliveira, de 58 anos.
A ação, intitulada “Operação Profanos”, foi deflagrada com o objetivo de capturar os responsáveis intelectuais pelo crime que chocou o município. A ex-prefeita e uma vereadora da cidade, ambas investigadas no caso, continuam foragidas.
O assassinato ocorreu no dia 27 de agosto de 2024, quando Marcelo Oliveira, então candidato à reeleição, e seu pai visitavam apoiadores no conjunto São Geraldo, em João Dias. Segundo informações da Polícia, cerca de oito homens armados, divididos em dois veículos, abordaram as vítimas e efetuaram diversos disparos. Marcelo foi alvejado 11 vezes, enquanto seu pai faleceu no local após ser atingido pelos tiros. Um segurança do prefeito também foi ferido.
Marcelo ainda chegou a ser levado para um hospital em Catolé do Rocha, na Paraíba, mas não resistiu. O crime desencadeou uma força-tarefa de segurança no mesmo dia, resultando em prisões relacionadas aos executores e agora, meses depois, nos mandantes.
A operação e as prisões
De acordo com a PCRN, a operação desta sexta-feira cumpriu seis mandados de prisão e outros seis de busca e apreensão domiciliar nas cidades de João Dias, Patu e Marcelino Vieira. A ação envolveu 40 policiais civis da Diretoria de Polícia Civil da Grande Natal (DPCIN) e da Divisão de Polícia do Oeste (DIVIPOE).
Uma coletiva de imprensa foi anunciada pela Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Norte (Sesed) para esclarecer detalhes sobre o caso. “Serão apresentados os resultados das investigações, que apontam para oito executores diretos e cinco mentores intelectuais do duplo homicídio, além de dez pessoas indiciadas por formação de milícia”, informou a Sesed em nota.
O nome da operação, “Profanos”, refere-se à descoberta de que o planejamento do crime teria ocorrido durante um culto religioso. As investigações indicam motivações políticas e disputas de poder locais. Desde o ocorrido, familiares e apoiadores do prefeito morto enfrentam uma atmosfera de medo e incertezas.
No dia do crime, Jessé Oliveira, irmão de Marcelo e presidente da Câmara Municipal, assumiu a gestão do município em caráter emergencial, já que a vice-prefeita, Damária Jácome, estava judicialmente impedida de exercer o cargo. Posteriormente, a viúva de Marcelo, Fatinha de Marcelo, foi indicada como candidata pelo partido União Brasil e eleita prefeita em 6 de outubro de 2024.
O histórico das vítimas e o impacto na cidade
Marcelo Oliveira era conhecido como um político em ascensão. Eleito vereador em 2008 e 2012, tentou a prefeitura em 2016, mas só obteve sucesso em 2020. Apesar disso, enfrentou desafios, incluindo sua renúncia em 2021, supostamente por ameaças da então vice-prefeita. Ele retomou o cargo em 2022, após decisão judicial.
Sandi Alves de Oliveira, pai do prefeito, também teve trajetória política como vereador de João Dias. Inspirador para o filho, era figura respeitada no pequeno município, que possui pouco mais de 2 mil habitantes e limita-se com o estado da Paraíba.
Segundo dados do IBGE, João Dias é o terceiro menor município do Rio Grande do Norte. A economia local é frágil, com menos de 300 pessoas empregadas formalmente e renda média de 1,5 salário mínimo. A tragédia abalou profundamente a comunidade, já marcada por disputas políticas e desafios socioeconômicos.
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