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Mortalidade infantil: audiência pública em Parnamirim questiona óbitos na Maternidade Divino Amor

A audiência foi marcada por relatos impactantes de mães que perderam seus bebês.

Uma audiência pública realizada na Câmara de Vereadores de Parnamirim, na Grande Natal, debateu denúncias de negligência médica e a alta taxa de mortalidade fetal na Maternidade Divino Amor. O encontro, marcado por depoimentos emocionados de mães que perderam seus bebês, cobrou mais atenção nos tratamentos e uma investigação rigorosa dos casos.

De acordo com dados apresentados pela maternidade, em 2024 foram registrados 23 óbitos fetais, um aumento em relação aos 21 casos de 2023, quando foram realizados 1.982 partos. Em 2024, o número de partos foi de 1.907. A direção da unidade de saúde alega que a taxa de mortalidade se mantém dentro da média nacional.

Enquanto a audiência acontecia, familiares de bebês que faleceram protestavam em frente à Câmara Municipal, denunciando casos de violência obstétrica e atendimento inadequado na maternidade.

Em março de 2025, a direção da Maternidade Divino Amor já havia anunciado a abertura de uma investigação interna para apurar possíveis negligências nos óbitos fetais recentes. A diretora-geral do hospital, Walquiria Oliveira, reafirmou que as apurações estão sendo conduzidas por um Comitê de Ética vinculado ao Conselho Regional de Medicina (CRM). Segundo ela, o comitê já encaminhou o resultado das apurações ao CRM, que dará prosseguimento à análise, sem prazo definido para conclusão.

Depoimentos comoventes

A audiência foi marcada por relatos impactantes de mães que perderam seus bebês. Gisele Oliveira, que teve um caso na Maternidade Divino Amor em 2016, emocionou o plenário ao cobrar mais empatia e amor por parte dos profissionais de saúde: “Falta amor divino. Divino amor. Isso está faltando. Vidas, bebês que não tiveram nem a oportunidade de se proteger“, desabafou.

Karolaine Santos, que perdeu o bebê em 2025, também expressou sua dor: “É um momento único da mulher, passar por uma gestação, ter seus filhos nos braços. E infelizmente a gente não pode“. Ela pediu providências e justiça pela vida de sua filha, relatando a dificuldade de enfrentar o puerpério sem o bebê e a falta de apoio após a perda.

Dinaíze Carvalho, vestida com uma camiseta pedindo justiça pela morte da filha, relatou ter sofrido violência obstétrica durante os 11 dias em que esteve internada na Maternidade Divino Amor: “A médica foi super ignorante comigo, falou simplesmente: ‘Sua filha está morta dentro de você’. Foi desumano“.

Repercussão da fala do Secretário de Saúde

Durante a audiência, uma declaração do secretário de Saúde de Parnamirim, Rogério Gurgel, gerou polêmica. Ao utilizar a expressão “sensacionalismo barato”, o secretário provocou reações negativas. Em sua fala, ele defendeu a qualidade da maternidade e pediu que não se usasse a dor das famílias para gerar pânico na cidade.

Posteriormente, em entrevista, o secretário se retratou, afirmando que foi mal compreendido e que sua crítica era direcionada a pessoas que estariam utilizando as redes sociais para disseminar pânico em relação à unidade de saúde. Ele reforçou que a maternidade é referência e conta com profissionais qualificados, além de possuir um comitê interno para investigar os casos.

O vereador Gabriel César (PL) criticou a prefeitura pela tentativa de “maquiar a realidade” com vídeos nas redes sociais antes da audiência. Segundo ele, o objetivo era descredibilizar o debate. Gabriel ainda relatou o caso de uma mãe que, após perder o filho, foi mantida em uma sala com outras mulheres amamentando, questionando a falta de empatia da gestão municipal.

O vereador Thiago Fernandes (PP) relatou que continua recebendo denúncias, inclusive de uma mulher que alegou que a anestesia não fez efeito durante um procedimento. A vereadora Rárika Bastos (Republicanos) defendeu que a Procuradoria da Mulher da Câmara acompanhe o caso, ressaltando a necessidade de enfrentar a violência obstétrica com seriedade. 

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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