A recente sanção da Lei nº 15.097/25 pelo presidente Lula, que regulamenta a produção de energia eólica em alto-mar, promete acelerar decisões de investimento e impulsionar o desenvolvimento industrial e econômico em diversos estados e municípios brasileiros. A lei estabelece as diretrizes para a cessão de uso das áreas destinadas à geração de energia eólica offshore.
No Rio Grande do Norte, estado líder na geração de energia eólica em terra, estudos do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis apontam um potencial de 54,5 GW para futura geração offshore. Esse volume seria suficiente para suprir aproximadamente um terço de toda a demanda de energia elétrica do Brasil em 2020, que foi de cerca de 651 TWh.
Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), Roberto Serquiz, o estado já ocupa a quarta posição no país em projetos offshore, com um total de 19,5 GW em desenvolvimento, quase o dobro da capacidade de geração eólica em terra do estado. “O RN é o carro chefe da eólica no país. E a eólica offshore é a nova fronteira de geração onde o nosso estado permanece em projeção”, afirma Serquiz.
Serquiz destaca que a nova regulamentação proporcionará segurança jurídica e previsibilidade para as concessões e ocupações no mar territorial, na zona econômica exclusiva e na plataforma continental, além de atrair novos investimentos. Atualmente, dez empresas já demonstraram interesse em investir no estado. Um dos projetos em andamento é a primeira planta de pesquisa do país, liderada pelo Instituto SENAI de Inovação (ISI-ER), referência nacional em energias renováveis.
O presidente da FIERN também ressalta que a chegada da energia offshore demandará um salto tecnológico em todos os setores envolvidos. Nesse contexto, o SENAI tem investido em desenvolvimento e inovação, como a inauguração da FAETI, primeira faculdade do país focada na área.
Serquiz acrescenta que o Rio Grande do Norte possui indústrias qualificadas para fornecer produtos e serviços para os investidores do setor, devido à sua expertise em energia eólica onshore. Para as micro e pequenas empresas, o Sistema FIERN oferece capacitação e consultoria para integrá-las à cadeia econômica.
Novas formações profissionais do SENAI
Rodrigo Mello, diretor do SENAI-RN, do ISI-ER e da FAETI, informa que o SENAI está atuando em diversas frentes de qualificação profissional para atender às demandas da nova indústria. “O Brasil tem um potencial gigantesco confirmado para a geração de energia no offshore e o mundo estava na expectativa desse marco para avançar com as análises necessárias aos projetos”, diz Mello.
“Nós temos condições conhecidas, já comprovadas em estudos técnicos no país, para acelerar a tomada de decisões e concretizar potenciais investimentos, especialmente relacionados à energia eólica”, completa.
A FAETI planeja lançar a primeira especialização em energia eólica offshore do Rio Grande do Norte ainda no primeiro trimestre deste ano. O Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER) também está planejando novos treinamentos com foco no setor offshore. Mello enfatiza que profissionais de áreas como eletrotécnica, eletromecânica, segurança do trabalho e especialistas em energia eólica continuarão a ser demandados, tanto no setor onshore quanto no offshore, e precisarão de conhecimentos específicos e certificações para a nova indústria. O mesmo se aplica aos profissionais de engenharia e outras áreas relacionadas.
Dados do Ibama revelam que o Brasil já possui 244,56 GW em projetos cadastrados para licenciamento ambiental para exploração de energia eólica no mar. Esse número representa mais de sete vezes a capacidade instalada em parques eólicos em terra, que é de 33 GW, e um aumento de 10,33 GW em relação aos 234,23 GW registrados em abril do ano anterior. A região Nordeste lidera com 47,04% da potência total prevista, seguida pela região Sul (32,59%) e Sudeste (20,37%).
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