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TCE-RN autoriza contrato de R$ 485 milhões de Natal com a Marquise

Além disso, o município de Natal e a Urbana deverão implementar uma reestruturação no modelo de administração do serviço público de limpeza urbana.

O Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte (TCE-RN) sinalizou à Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana) a importância de avaliar a possibilidade de transferir a gestão da limpeza pública da capital para o setor privado. A recomendação da Corte de Contas é que se estude a adoção de um modelo de concessão ou parceria público-privada (PPP), visando, segundo o Tribunal, “atrair investimentos privados, incorporar inovações tecnológicas e aumentar a eficiência na prestação dos serviços”.

Em paralelo, o TCE-RN autorizou a contratação da empresa Marquise Serviços Ambientais AS, vencedora do processo licitatório, pelo montante de R$ 485 milhões. A decisão foi proferida pelo conselheiro Antonio Ed Souza Santana, relator do processo, que também estabeleceu um prazo de 60 dias para que a Prefeitura de Natal inicie um novo processo de contratação para a gestão integrada dos resíduos sólidos, incluindo a análise da viabilidade de concessão ou PPP. A responsabilidade por esta análise recairá sobre a Urbana ou outra secretaria designada, sob pena de multa diária de R$ 1.000, limitada ao teto previsto no Regimento Interno do TCE-RN.

Além disso, o município de Natal e a Urbana deverão implementar uma reestruturação no modelo de administração do serviço público de limpeza urbana, com foco na eficiência e sustentabilidade, conforme determinado pelo Tribunal. A decisão do TCE-RN encerra um período de mais de três anos de contratos emergenciais na Urbana.

Segundo o diretor-presidente da Urbana, Alvamar Vale, a companhia aguarda a notificação oficial para formalizar o contrato com a Marquise, enquanto estuda mudanças no modelo de gestão. Alvamar destacou que a decisão será analisada em conjunto com a prefeitura e outras instituições, incluindo a Justiça Federal e do Trabalho. “Existe uma governança que a Urbana faz parte, com a Justiça Federal, Justiça do Trabalho, Tribunal de Contas, para onde está sendo levada essa situação. A gente vai agora, nos próximos dias, montar um plano de ação quanto a essa decisão junto com a prefeitura”, afirmou.

A possibilidade de reestruturação dos serviços, através de concessão ou PPP, já vinha sendo considerada, com estudos datados de 2021, mas a administração entende que o cenário atual exige uma nova análise. “Isso está sendo estudado, até porque esses estudos, esses projetos são de 2021. Então, nós estamos em 2025 e a realidade já é um pouco diferente”, explicou o diretor.

Enquanto essas análises estão em andamento, os serviços de coleta de resíduos permanecem inalterados, sendo realizados por meio de contratos emergenciais. “Hoje, como é um contrato emergencial, tem algumas particularidades diferentes do novo projeto. Só a partir daí é que vamos ter essa visão de mudança”, comentou Alvamar.

O contrato com a Marquise

A empresa vencedora da licitação, Marquise, será responsável pela coleta de resíduos em toda a cidade de Natal. A licitação foi iniciada em 2021, mas enfrentou diversas interrupções devido a irregularidades identificadas, sendo inclusive anulada pelo Acórdão nº 51/2022-TC. Após recursos, a licitação foi retomada com ajustes no edital, conforme o Acórdão nº 329/2023-TC. O resultado final dependia da avaliação do TCE antes da assinatura do contrato.

O Ministério Público de Contas (MPC) apontou possíveis falhas no edital e no projeto básico da licitação. No entanto, o relator argumentou que o princípio do pragmatismo administrativo justificava a decisão de prosseguir com a licitação, considerando que a suspensão do processo poderia gerar mais prejuízos, com contratações emergenciais mais onerosas e danos à saúde pública. “Isso porque, os serviços objeto da contratação em apreço constituem-se como essenciais, indispensáveis para a vida e para a saúde da coletividade, bem como para a dignidade do cidadão, e não apenas devem ser prestados, mas sobretudo devem ser prestados de forma eficiente”, afirmou o conselheiro.

Entre as preocupações do MPC estavam as dívidas da Urbana, a compatibilidade dos custos estimados com os valores de mercado e inconsistências nas especificações do projeto. Também houve questionamentos sobre o tratamento preferencial à Marquise, que já vinha prestando os serviços de forma emergencial desde 2021.

Análise do TCE-RN

Após analisar as justificativas e documentos apresentados, o conselheiro concluiu que não foram encontradas irregularidades graves que comprometessem o certame. No entanto, ressaltou a necessidade de melhorias no planejamento de futuras licitações, como a inclusão de dados detalhados sobre os volumes históricos de resíduos e revisão dos critérios de avaliação. Além disso, o Tribunal determinou que a Urbana corrija as inconsistências no transporte de agentes de limpeza, ajustando-se às normas de segurança.

O cumprimento das determinações do Tribunal será acompanhado de perto, e a fiscalização dos contratos em vigor será intensificada pela Diretoria de Controle de Infraestrutura e Meio Ambiente do TCE, que iniciará um novo processo de controle externo para monitorar a reestruturação do modelo de gestão de resíduos sólidos na cidade.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: [email protected]

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