Uma pesquisa inédita revelou que Natal tem um dos menores índices de consumo cultural do Brasil, mas, ao mesmo tempo, um dos maiores potenciais de crescimento no setor. O estudo Cultura nas Capitais, realizado pela JLeiva Cultura & Esporte com apoio do Itaú e Instituto Cultural Vale, mostrou que muitos natalenses gostariam de frequentar museus, teatros e shows, mas acabam não indo.
O levantamento ouviu 19.500 pessoas em 27 capitais brasileiras, sendo 600 moradores de Natal, entre fevereiro e maio de 2024.
Os dados revelam que, enquanto a população da cidade tem pouco acesso a atividades culturais, há um público potencial gigantesco que poderia aumentar consideravelmente a participação nesses eventos se tivesse mais oportunidades.
Entre as 27 capitais, Natal está abaixo da média nacional em diversas categorias culturais. A pesquisa avaliou 14 tipos de consumo cultural, e os índices da cidade foram preocupantes em várias áreas:
- Cinema: Apenas 39% dos natalenses foram ao cinema no último ano, contra 48% da média nacional.
- Museus: Apenas 15% da população visitou museus, bem abaixo da média nacional de 27%.
- Locais históricos: 38% visitaram pontos históricos, enquanto 45% da média nacional fez o mesmo.
- Shows: 37% compareceram a shows, contra 41% no Brasil.
- Leitura de livros: 58% leram pelo menos um livro, enquanto no Brasil o índice é 62%.
- Jogos eletrônicos: Apenas 45% jogaram games, contra 51% na média nacional.
A única exceção foi a dança: Natal tem um público maior do que a média nacional nessa categoria. Enquanto 24% dos brasileiros praticam dança, 29% dos natalenses se envolvem em alguma atividade relacionada.
O que os natalenses gostam mais?
Apesar dos números baixos em algumas áreas, a pesquisa revelou um padrão cultural único na capital potiguar. O forró é o gênero musical mais ouvido, colocando a cidade entre as cinco capitais que mais consomem esse ritmo. Além disso, as festas juninas são consideradas o evento cultural mais importante pelos moradores, reforçando a forte identidade cultural da cidade.
Outro dado curioso é que, em Natal, as visitas a museus são feitas mais entre amigos (25%) do que em família (24%), algo diferente da maioria das capitais, onde a companhia familiar predomina.
O circo também tem um espaço relevante na cultura natalense: apenas 19% da população nunca foi ao circo, um dos índices mais baixos do país, enquanto 21% assistiram a espetáculos circenses no último ano, um percentual bem acima da média nacional (14%).
Natal tem um dos maiores potenciais de crescimento cultural do Brasil
A grande revelação do estudo foi o enorme público potencial que a cidade tem para diversas atividades culturais. Isso significa que, mesmo que a participação atual seja baixa, muita gente tem interesse em consumir cultura, mas não o faz por falta de acesso, incentivo ou estrutura.
Os números mostram um cenário promissor para o setor cultural:
- Museus: 34% dos natalenses gostariam de ir a museus, mas não vão. Se esse público fosse alcançado, a visitação mais que dobraria.
- Teatro: Hoje, 24% da população vai ao teatro, mas 32% têm interesse. Se todos fossem, o público quase dobraria.
- Dança: 24% querem dançar, mas não participam de atividades.
- Shows: Além dos 37% que já vão a shows, 23% têm vontade de ir, mas não frequentam.
- Festas populares: Hoje, 33% participam de eventos como o São João, mas 21% gostariam de ir e não vão.
O estudo indica que, com políticas culturais bem planejadas e investimentos no setor, Natal poderia dobrar o consumo cultural e transformar sua cena artística e de entretenimento.
Onde os natalenses mais frequentam cultura?
Entre os espaços mais visitados na cidade, a pesquisa destacou:
🎭 Teatros mais populares: Teatro Riachuelo e Teatro Alberto Maranhão.
🏛 Museu mais frequentado: Museu Câmara Cascudo, visitado por 26% do público que foi a museus no último ano.
📚 Bibliotecas: 25% dos natalenses frequentaram bibliotecas, o que está na média nacional.
Desafios e oportunidades para a cultura em Natal
Os dados mostram que o problema não é falta de interesse, mas de oportunidades. Há uma barreira clara entre a vontade de consumir cultura e a disponibilidade de acesso a esses eventos.
Sobre os números levantados, João Leiva, coordenador da pesquisa, destacou:
“Os números mostram um público engajado, com grande interesse pela cultura local. A forte relação entre amigos e experiências culturais, além da disposição para apoiar iniciativas culturais, cria uma dinâmica bastante rica. O forró e as festas juninas reafirmam o peso da música na identidade da cidade“.
Com um grande potencial de público, Natal precisa investir mais em infraestrutura, acesso e divulgação de eventos culturais. Caso contrário, continuará sendo uma cidade onde as pessoas querem consumir cultura, mas não encontram caminhos para isso.
Os resultados completos da pesquisa estão disponíveis no site oficial.
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