A Casa da Gestante, Bebê e Puérpera (CGBP) da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC-UFRN), unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), registrou 55 acolhimentos nos primeiros três meses de operação. O espaço, inaugurado para oferecer suporte a gestantes, recém-nascidos e puérperas que necessitam de acompanhamento contínuo sem necessidade de internação hospitalar, conta com 10 leitos e tem se consolidado como um importante suporte para mulheres que passam por gestações de alto risco ou acompanham bebês internados na UTI Neonatal.
Nos 90 dias iniciais, a maioria das acolhidas foram puérperas na condição de mães acompanhantes, totalizando 48 mulheres, além de sete acompanhantes admitidas por critérios sociais ou psicológicos. Segundo a enfermeira Bruna Cristina dos Santos Carneiro, responsável pelo serviço, as pacientes atendidas são majoritariamente da região Agreste (44,7%), seguidas pelas regiões Leste (25,9%), Central (17,6%) e Oeste (11,8%).
Apoio fundamental para mães e bebês
Entre as mulheres que encontraram na Casa da Gestante um suporte essencial está Ingridy Costa, 35 anos, residente de Parnamirim. Desde a inauguração da unidade, ela tem permanecido no local para acompanhar a filha, que está internada há mais de cinco meses na UTI Neonatal da maternidade. A distância entre sua residência e a MEJC tornou impossível o deslocamento diário. “Moro bem longe e não tenho condições de vir todos os dias. Para mim, foi muito importante ter esse apoio, tem sido uma experiência muito boa”, relata.
A unidade está localizada a 400 metros da Maternidade Escola Januário Cicco e, além de oferecer estadia às usuárias que residem longe, promove orientações sobre saúde e autocuidado. Bruna Carneiro destaca que a casa também otimiza a utilização dos leitos hospitalares, garantindo que as vagas de alto risco sejam ocupadas por mulheres que necessitam de vigilância constante.
“O ambiente atual é mais acolhedor, distanciando-se do cenário hospitalar, permitindo que as mulheres recebam orientação sobre alimentação saudável, planejamento familiar, repouso, estímulo ao aleitamento materno, ordenha de leite oferecido ao bebê internado na UTI Neonatal e sobre a prática do Método Canguru, que fortalece o vínculo entre mãe e bebê e estimula o ganho ponderal de peso. Esse cenário possibilita que as mulheres se tornem mais seguras e autônomas ao retornarem para suas casas”, explica a enfermeira.
Expansão e integração à Rede Alyne
A Casa da Gestante segue em processo de adequação para se tornar parte da Rede Alyne, programa do Ministério da Saúde que substituiu a Rede Cegonha e tem como objetivo reduzir a mortalidade materna em 25% e a mortalidade materna de mulheres negras em 50% até 2027. No momento, o espaço atende principalmente puérperas acompanhantes, mas há previsão de expansão.
“Iniciamos recebendo as puérperas na categoria de mãe acompanhante e estamos adicionando mais cinco camas. Estamos aguardando a chegada do mobiliário para expandir para 15 acomodações e, gradualmente, incluir outras categorias, como gestantes, puérperas e bebês”, informa Bruna Carneiro.
O gerente de Atenção à Saúde da MEJC, Marcelo Lorençato, ressalta a importância da Casa da Gestante para a qualidade do atendimento materno-infantil. “As mães acompanhantes agora dispõem de um ambiente acolhedor, semelhante a um lar, fora do ambiente hospitalar. Sabemos que sua estadia costuma ser prolongada para acompanhar seus bebês em tratamento intensivo, e esse espaço permite que elas mudem de ambiente, participem de atividades como pintura e artes manuais e melhorem a qualidade do cuidado, tanto para seus filhos quanto para si mesmas”, destaca.
Estrutura e papel na formação profissional
A Casa da Gestante, Bebê e Puérpera foi inaugurada em 7 de novembro de 2024 com um investimento de R$ 143 mil do Ministério da Saúde. Além de atender as pacientes, o espaço também funciona como campo de prática para programas de residência médica nas áreas de Ginecologia, Obstetrícia e Neonatologia, além da residência multiprofissional em Cuidados Intensivos Neonatais. O local ainda contribui para a formação de estudantes de graduação e cursos técnicos na área da saúde, fortalecendo a capacitação prática de futuros profissionais.
Bruna Carneiro ressalta que a concretização do projeto contou com diversas colaborações. “Foi tomando forma através de doações, em paralelo com a contratação e reforma da residência que, atualmente, acolhe e retrata histórias inesquecíveis”, finaliza.
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