Um levantamento detalhado do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado nesta quarta-feira (4), através da Síntese de Indicadores Sociais 2024, revelou um panorama alarmante sobre a distribuição de renda em Natal, no Rio Grande do Norte, e no Brasil como um todo.
A pesquisa mostrou que a desigualdade de renda na capital potiguar é uma das mais marcantes do país, com os 10% mais ricos concentrando uma renda 5,03 vezes superior à dos 40% mais pobres.
O índice que mede essa disparidade é chamado de Índice de Palma, uma métrica que compara a renda acumulada pelos extremos da sociedade. Em Natal, o índice ficou bem acima das médias estadual, regional e nacional, reforçando a desigualdade na cidade em relação a outras localidades. Confira os números:
- Natal: 5,03
- Rio Grande do Norte: 3,89
- Nordeste: 3,41
- Brasil: 3,60
De forma comparativa, a desigualdade em Natal aumentou nos últimos anos. Em 2014, o Índice de Palma da cidade era de 3,72, enquanto no Rio Grande do Norte, a taxa era de 3,42. Os números apontam um agravamento da concentração de renda, com os grupos mais ricos expandindo suas participações nos rendimentos totais.
Pobreza e extrema pobreza preocupam no RN
Outro dado preocupante apresentado pelo IBGE foi a situação de pobreza e extrema pobreza no estado. O relatório utilizou os critérios do Banco Mundial para definir esses termos. De acordo com o levantamento, 6,3% da população potiguar vivia em extrema pobreza em 2023, ou seja, com menos de US$ 2,15 por dia, o equivalente a aproximadamente R$ 209 por mês. Na Região Metropolitana de Natal, a taxa foi de 4,9%, demonstrando uma ligeira melhora em relação ao estado como um todo, mas ainda representando um desafio significativo.
Sem o apoio dos programas sociais, os números seriam ainda mais drásticos. No Rio Grande do Norte, a taxa de extrema pobreza quase triplicaria, alcançando 18,6% da população. Já na Região Metropolitana de Natal, o índice aumentaria para 12,7%, reforçando a importância de iniciativas governamentais no combate à desigualdade.
Quando considerada a linha de pobreza, definida como a renda de até US$ 6,85 por dia (aproximadamente R$ 665 por mês), a situação também é crítica. Com os benefícios sociais, 43,5% dos potiguares viviam nessa condição. Sem esses auxílios, o número subiria para 50,3%, evidenciando que metade da população do estado enfrentaria dificuldades severas para suprir suas necessidades básicas. Na Região Metropolitana, os números foram de 39,2% com benefícios e 43% sem benefícios.
74,8% dos potiguares ganham até um salário-mínimo
Além da desigualdade e da pobreza, o IBGE destacou a predominância de rendimentos baixos entre os potiguares. Segundo o relatório, 74,8% da população do Rio Grande do Norte vivia com rendimentos de até um salário-mínimo em 2023. Essa faixa é composta majoritariamente por pessoas que ganham entre meio salário e um salário-mínimo, representando cerca de 32% do total.
Embora a porcentagem tenha diminuído em comparação com 2014, quando era de 77,8%, a redução não foi suficiente para garantir um avanço significativo. Em 2018, o número já havia caído para 74,5%, o que indica uma estagnação no ritmo de melhora da renda no estado.
Esse cenário evidencia uma dependência crítica de programas sociais e políticas públicas para garantir o mínimo de dignidade à maior parte da população potiguar. O fato de que quase três quartos dos habitantes do estado sobrevivem com rendimentos tão baixos aponta para uma realidade de vulnerabilidade econômica que afeta tanto o consumo quanto o desenvolvimento local.
Desafios
Os dados do IBGE são um reflexo da realidade socioeconômica que assola muitas regiões do país, mas mostram que a situação em Natal e no Rio Grande do Norte é particularmente preocupante. O agravamento da desigualdade de renda, combinado com altas taxas de pobreza, expõe as dificuldades enfrentadas por uma grande parcela da população para acessar recursos básicos, como alimentação, moradia e educação.
A dependência de programas sociais, como o Bolsa Família, também reforça a fragilidade econômica das famílias mais pobres. Sem esse suporte, milhões de brasileiros, especialmente no Nordeste, cairiam em situação de miséria extrema, destacando a necessidade de políticas públicas que promovam não apenas a assistência, mas a geração de renda e inclusão produtiva.
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