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Governo do RN planeja cortar mais de 7 mil cargos administrativos

Medida de reestruturação, além de cortar cargos, inclui ajustes na política fiscal e monitoramento da arrecadação do ICMS, visando manter o equilíbrio financeiro e evitar déficits futuros.

O governo do Rio Grande do Norte está em fase de estudo para a redução de mais de 7 mil cargos administrativos, atendendo à recomendação do Ministério Público Estadual (MPRN). A medida visa equilibrar as contas públicas, diminuindo os gastos com pessoal e adequando o Estado aos limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Com a aprovação do Projeto de Lei Complementar, encaminhado à Assembleia Legislativa, a previsão é que a redução gere uma economia mensal superior a R$ 7,2 milhões ao governo de Fátima Bezerra.

Conforme o secretário de Administração, Pedro Lopes, a iniciativa tem como objetivo direto diminuir o impacto dos gastos com pessoal na receita corrente líquida do Estado, que atualmente excede os limites da LRF. Serão cortados 7.310 cargos, gerando uma redução mensal de R$ 7.253.280,18. Essa economia ajudará o Estado a atingir os parâmetros exigidos, trazendo o percentual de despesas com pessoal para níveis compatíveis com a legislação vigente.

Outro ponto importante mencionado no despacho – para nortear a decisão, envolve o impacto das perdas de arrecadação de ICMS em decorrência da limitação da cobrança do imposto sobre energia elétrica e combustíveis em 2022, assim como em 2024 a redução da alíquota modal do ICMS de 20% para 18%. Segundo o governo, essa medida impacta diretamente a arrecadação do Estado.

Ainda segundo o despacho, a previsão é de um crescimento de apenas 7% na receita corrente líquida, enquanto os gastos com pessoal crescerão 4,9% no mesmo período. O governo planeja monitorar a arrecadação até outubro de 2024 para decidir se será necessário retornar a alíquota do ICMS para 20% em um novo projeto de lei​.

Redução afeta cargos de nível fundamental

No documento oficial, o governo detalha que a maior parte dos cortes atingirá os cargos de nível fundamental (GNO), que serão reduzidos de 10.430 para 1.245 postos. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público da Administração Direta do Estado do Rio Grande do Norte (SINSP/RN), esses cargos correspondem aos servidores que recebem os menores salários no governo. O sindicato criticou a medida, afirmando que “os mais humildes são os principais atingidos“, enquanto outras categorias, com remunerações superiores, não foram incluídas nos cortes.

Além da redução no número de cargos GNO, o governo planeja aumentar os postos de trabalho de nível médio e superior. Os cargos de nível médio (GNM) subirão de 2.970 para 3.820 e os cargos de nível superior (GNS) de 1.331 para 2.245, realocando parte da força de trabalho para funções de maior qualificação.

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A medida, no entanto, tem gerado controvérsia. O SINSP/RN, em nota, afirmou que “essa é uma tentativa de legalizar o desvio de função, eliminando cargos administrativos e colocando profissionais que deveriam estar em outras atividades, como policiais e professores, para executar funções burocráticas“. Segundo a entidade, essa estratégia desvia o foco de categorias essenciais, como a educação e segurança, que podem ser prejudicadas pela falta de pessoal em suas áreas originais.

O sindicato também informou que já está em contato com sua assessoria jurídica para tentar barrar a ação e que levará o debate para a Assembleia Legislativa. A entidade promete intensificar a pressão contra a aprovação do projeto, argumentando que a medida precariza o serviço público, especialmente nas áreas de apoio administrativo.

Impacto nos órgãos do governo

O plano do governo inclui a eliminação de cargos em várias instituições, como a Secretaria de Estado da Fazenda (SEFAZ), Idema, EMATER, DER e JUCERN. No total, a intenção é extinguir 9.185 cargos, considerando todos os planos de carreira envolvidos.

Esse processo de reestruturação faz parte de um conjunto de políticas que vêm sendo adotadas desde 2023, quando o governo congelou os salários de todos os servidores como medida para conter despesas. A estratégia incluiu ainda a busca pela redução de gastos com processos judiciais e honorários advocatícios, que, segundo o governo, têm impacto significativo nas contas públicas.

Projeções para o futuro

O governo do RN projeta que, até 2030, as finanças estaduais se alinhem aos limites da LRF, com o gasto com pessoal chegando a 49% da receita corrente líquida, como previsto pela Lei Complementar Federal nº 178/2021. Para isso, será necessária a manutenção das políticas de ajuste fiscal, incluindo a restrição de novos concursos e reajustes salariais (salvo aqueles casos reposição para aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança). A proposta em tramitação na Assembleia é vista como de suma importância para atingir esse objetivo e evitar sanções legais que poderiam agravar a situação financeira do Estado.

A Mensagem nº 17/2024, enviada pela governadora à Assembleia Legislativa, destaca que as políticas salariais serão condicionadas ao desempenho fiscal. Caso a meta de redução de pessoal não seja atingida, haverá um congelamento adicional de salários, impactando a categoria dos servidores públicos.

Envolvimento dos sindicatos e negociações

Negociações com sindicatos também fazem parte do plano do governo para conter o impacto das mudanças. O governo já iniciou discussões com as associações de classe da Polícia Militar e Bombeiros Militares, visando instituir uma carreira temporária para até 50% dos cargos, com o objetivo de evitar uma sobrecarga de pessoal em áreas essenciais.

Ainda está em análise a extinção de cerca de 900 cargos de instituições como DATANORTE e BANDERN, que podem ser afetadas pelas medidas futuras. O impacto dessas mudanças será sentido de forma gradual, com a implementação prevista até 2026.

Nota oficial do Governo do Rio Grande do Norte

Embora as informações constem em despacho assinado (confira aqui na íntegra) pelo secretário de Administração, Pedro Lopes, o governo estadual afirma que as informações são inverídicas. Confira:

Governo do RN – Nota

É fake que o projeto de lei de recomposição salarial prevê demitir 7 mil servidores.

Pelo contrário, o Governo do RN aproveitou a oportunidade para organizar cargos e carreiras que, por erro, não tinham número de vagas estabelecidas e definiu quadros de pessoal com base no quantitativo de servidores ativos efetivos em 31 de julho de 2016 (período médio).

Desse modo, aprovado o projeto de lei e se eventualmente forem removidas as restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal para realização de concursos para os respectivos cargos públicos, será possível a realização de concurso público para prover 4.988 vagas.

Nesse sentido, está sendo pensada uma administração pública moderna, racional e eficiente. Com a nova estrutura de cargos, além de não existir qualquer previsão ou possibilidade de demissão, o Governo poderá incorporar ainda 1.991 servidores de nível superior e 2.997 de nível médio.

Secretaria de Estado da Administração

Natal, 16 de setembro de 2024

Governo do RN planeja cortar mais de 7 mil cargos administrativos
Governadoria – Foto: ASCOM

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: [email protected]

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