Na tarde desta quarta-feira (4), chuvas de granizo atingiram cidades da região Seridó do Rio Grande do Norte, causando surpresa e registrando momentos marcantes em vídeos feitos por moradores. Municípios como Ipueira e Serra Negra do Norte foram os principais afetados, com registros tanto em áreas rurais quanto urbanas.
Em Serra Negra do Norte, a precipitação foi mais intensa, causando alagamentos em vários pontos da cidade, além de invadir residências e espaços públicos, como a rodoviária local. A força da chuva gerou preocupação entre os moradores, que buscaram relatar o ocorrido em redes sociais e grupos comunitários.
De acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), os volumes de chuva registrados na região variaram entre 20 mm e 30 mm até o início da noite de quarta-feira. Contudo, os dados ainda não eram totalmente precisos devido ao impacto do granizo e ao processo de congelamento da água precipitada, que dificultam medições exatas.
O que explica o fenômeno?
Gilmar Bristot, chefe do departamento de meteorologia da Emparn, esclareceu as condições que possibilitaram a ocorrência do fenômeno. Ele explicou que as chuvas de granizo são mais comuns em regiões de clima frio, mas podem ocorrer no Nordeste sob condições específicas.
Segundo o meteorologista, o granizo se forma em nuvens do tipo cumulonimbus, conhecidas por seu grande desenvolvimento vertical. “É uma nuvem que tem o desenvolvimento vertical bastante intenso, que consegue passar o nível de congelamento, o nível de 0 grau de temperatura na atmosfera”, explicou.
Ele detalhou o processo, afirmando que, dentro dessas nuvens, gotículas de água sofrem movimento vertical intenso, subindo e descendo repetidamente. “Essas gotículas se chocam umas com as outras para ganhar peso, vencer a força da gravidade e precipitar. Quando ultrapassam esse nível de congelamento, elas congelam, formando as pedras de granizo”, acrescentou Bristot.
Condições no Rio Grande do Norte
O meteorologista destacou que, por se tratar de uma região quente, o fenômeno é raro no estado. “Esse nível de congelamento de 0 grau é muito elevado. Então, as nuvens precisam ter um desenvolvimento vertical muito intenso, às vezes de 13 km a 14 km de altura. Precisa ter uma estabilidade muito forte, o que acontece com temperaturas elevadas e bastante umidade”, afirmou.
Os relatos e vídeos feitos pelos moradores reforçam o impacto e a singularidade do evento, que surpreendeu tanto pela intensidade quanto pelos estragos. Fenômenos como este, ainda que raros no Nordeste, reforçam a importância do acompanhamento meteorológico contínuo, especialmente em períodos de instabilidade climática.
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