O Rio Grande do Norte, impulsionado pelo potencial do bioma da caatinga, busca otimizar a produção de mel a partir do melhoramento genético de abelhas rainha. A iniciativa é do Sebrae RN, que apresentou a proposta durante o I Seminário CajuMel, realizado no IFRN de Apodi.
Nilson Dantas, gestor do Projeto de Apicultura e Meliponocultura, explica que o trabalho com os produtores vai além da assistência técnica, focando na implementação de técnicas de manejo voltadas à alimentação, ao sequenciamento de enxames e à substituição de cera e de abelhas-rainhas por outras geneticamente selecionadas. O objetivo é aumentar a produtividade, mesmo em períodos de seca. A meliponicultura, inclusive, impulsiona a economia rural no sertão do Rio Grande do Norte, mostrando o potencial desse setor.
“Como resultado dessas ações que o Sebrae fará ao longo do ano, teremos uma atividade mais sustentável e com maior produtividade. Com o conhecimento técnico nos apiários, significa que teremos mais renda para o apicultor e meliponocultor, e o fortalecimento de toda a cadeia produtiva”, explica Dantas.
O melhoramento genético busca selecionar e cruzar colônias com características desejáveis, como alta produção de mel, resistência a doenças e adaptação às condições climáticas locais.
Resultados em Lajes
Em Lajes, na região Central, apiários atendidos pelo projeto já apresentam resultados promissores. Segundo Rogério Severiano, consultor do Sebrae RN, alguns apiários registram até 70 quilos de mel por colmeia, enquanto a média estadual varia entre 15 e 20 quilos.
“O que vemos em Lajes é um manejo de alta produtividade. Além da introdução de material genético melhorado, os apicultores são orientados sobre alimentação dos enxames, distribuição das colmeias em locais adequados, e essas intervenções têm alcançado os melhores resultados. Se esse trabalho alcançar mais apicultores, o crescimento do setor será inevitável”, frisa Severiano.
Elion Marcos da Silva, agricultor de Felipe Guerra, participou do I Cajumel em busca de conhecimento para aprimorar seu investimento em colmeias. “Eu tenho algumas colmeias. Quero aumentar a quantidade e ter bons resultados. Por isso vim participar do evento, em busca de informações que os especialistas estão apresentando, e que eu não tenho. Isso é muito importante para nós que somos pequenos produtores”, comenta.
Atualmente, o Projeto de Apicultura e Meliponocultura do Sebrae RN acompanha 300 produtores de mel no estado, oferecendo consultorias, assistência técnica e promovendo o acesso ao mercado por meio da participação em feiras e exposições. Eventos como a Feira Raízes do Vale impulsionam o artesanato regional, fortalecendo a economia local.
Revitalização da Cajucultura no RN é ampliada
O Sebrae RN, em parceria com municípios potiguares, expandirá o Projeto de Revitalização da Cajucultura no Estado, alcançando cerca de 800 produtores em 2.000 hectares, incluindo cidades nas regiões Agreste, Médio Oeste e Grande Natal. A ampliação foi anunciada durante o I Seminário CajuMel, realizado no IFRN de Apodi.
O projeto beneficiará 150 novos produtores em 300 hectares, somando-se aos cajucultores já atendidos em Serra do Mel (400 produtores em 800 hectares), Apodi (100 produtores em 200 hectares) e Mossoró (150 produtores).
Especialistas presentes no I Seminário CajuMel afirmam que a ampliação do projeto auxiliará na recuperação da cajucultura potiguar, que perdeu 60% da área de pomares entre 2009 e 2019.
Simplício Holanda, engenheiro agrônomo e produtor, acredita que a reestruturação da cajucultura passa pela revitalização dos pomares, com potencial para superar a área de pomares anterior ao declínio da cultura. “Já estamos há cinco anos de recuperação do setor. Então, é de se esperar que tenhamos aproximadamente 90 mil hectares em produção, e a tendência é de que até mesmo a marca de 129 mil hectares que tínhamos antes da crise na cajucultura, lá em 2009, seja superada em breve. Isso tudo tem muito a ver com ações, como o trabalho de revitalização que está ocorrendo nas diversas regiões”, avalia.
Franco Marinho, gestor de Fruticultura do Sebrae RN, ressalta que o projeto visa dotar o pequeno produtor de condições favoráveis ao desenvolvimento sustentável da atividade, com distribuição de mudas, assistência técnica e de gestão, além de ações que promovam o acesso a mercados. O Sebrae Experience acontece em maio de 2025 em Natal com foco no varejo, oferecendo novas oportunidades para os produtores.
Mão de obra e mecanização
A escassez de mão de obra é apontada como o principal gargalo do setor, e a mecanização da produção surge como alternativa. Durante a mesa redonda “Experiências Inovadoras e Soluções para a Agroindústria Familiar”, foram apresentadas soluções como o descastanhador de caju seco, desenvolvido por produtores de Mossoró, além de mototratores e máquinas para poda dos cajueiros.
Francisco Evânio, um dos inventores do descastanhador, destaca a importância da inovação: “Era muito difícil achar gente para descastanhar o caju, e com o problema, criamos nossa própria solução, que, além de resolver a falta de mão de obra, ainda agiliza a produção e preserva a qualidade das castanhas. Essa máquina, com certeza, foi uma de nossas maiores conquistas”.
O I Seminário CajuMel contou com a participação de autoridades, produtores, estudantes e especialistas das cadeias produtivas da cajucultura e apicultura/meliponocultura para debater temas estratégicos, políticas públicas e apresentar casos de sucesso nos dois setores. Além do Sebrae RN e IFRN, são parceiros do I Seminário CajuMel a Ufersa, Embrapa, Faern/Senar, Emater-RN, Prefeitura de Mossoró, Prefeitura de Apodi, STTR, Mapa, Fruticoop, Unicafes/RN, Coopapi e Sindicato Rural de Apodi.
Atividades complementares, como visitas técnicas e dias de campo, foram realizadas entre os dias 10 e 14 de fevereiro, incluindo a implantação de pomares de cajueiro na Fazenda Rafael Fernandes, em Mossoró, no dia 14. Iniciativas como o Credjovem impulsionam negócios de jovens empreendedores no RN com capacitação e crédito, contribuindo para o crescimento do setor.
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