Brasil

Câmara aprova cadastro nacional para monitorar facções e milícias

A Câmara dos Deputados aprovou, na última terça-feira (10), um projeto de lei que cria um Cadastro Nacional de Monitoramento de Facções Criminosas e Milícias. A proposta, de autoria do deputado Gervásio Maia (PSB-PB), e com redação final do relator, deputado Delegado da Cunha (PP-SP), segue agora para o Senado.

O objetivo do cadastro é auxiliar ações de segurança pública, inteligência e investigação, fornecendo um banco de dados centralizado com informações de diversas fontes. Entre elas, estão órgãos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, Ministério Público (federal, estadual e distrital) e institutos de identificação civil.

O projeto define facção criminosa ou milícia como qualquer organização com denominação, regras e hierarquia próprias, especializada em crimes como tráfico de drogas ou outros que envolvam violência ou grave ameaça, buscando domínio territorial ou confronto com autoridades. O relator, Delegado da Cunha, citou o PCC (Primeiro Comando da Capital) como exemplo, afirmando que a organização possui 35 mil membros, atuando em todos os estados brasileiros e em 26 países – "É a primeira máfia da América do Sul", disse ele.

Duas emendas do PSOL foram incorporadas ao projeto: a inclusão do termo ‘milícias’ e a definição de membro de facção como aquele condenado por organização ou associação criminosa. Gervásio Maia destacou a importância do cadastro como instrumento para o combate ao crime organizado em todo o país, afirmando que o Brasil vive "uma realidade de verdadeiro terror" com o crime organizado.

Informações contidas no cadastro:

  • Nome da facção;
  • Potenciais crimes cometidos pelos membros;
  • Local da principal base de operações e áreas de atuação;
  • Dados cadastrais e biométricos dos membros (apenas após condenação judicial transitada em julgado por integrar organização criminosa).

O projeto prevê a inclusão de dados complementares, como documentos pessoais, registros criminais, mandados judiciais, endereços e extratos bancários. O acesso às informações e a atualização do banco de dados serão regulamentados por acordos entre a União e demais órgãos públicos. Estudos e anuários de organizações da sociedade civil também poderão ser incluídos, desde que aprovados pelo órgão gestor e com a metodologia utilizada devidamente documentada.

Sigilo e custos:

O projeto garante o sigilo dos dados, prevendo punições (civil, penal e administrativa) para uso indevido. Os custos de criação e manutenção do cadastro serão cobertos pelo Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP).

Debate na Câmara:

Deputados manifestaram opiniões divergentes sobre a proposta. Chico Alencar (PSOL-RJ) alertou sobre a definição de membro de facção, apontando a prática de forçar presos a se filiarem a grupos criminosos. "No Rio de Janeiro, quem ia para um presídio tinha de falar a que facção pertencia. Era compulsoriamente matriculado em uma organização criminosa e isso afetava muito sua vida", afirmou.

Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) defendeu o uso da inteligência e da integração de informações no combate ao crime organizado, criticando abordagens violentas e ineficazes. Coronel Assis (União-MT) considerou a proposta crucial para reduzir a impunidade, afirmando que "o cidadão não consegue mais viver sob o jugo dessas facções". Pompeo de Mattos (PDT-RS) enfatizou a necessidade de cruzar informações para identificar e responsabilizar os criminosos: "Temos de enfrentar as facções fazendo a identificação de quem são os faccionados, onde estão, os crimes que cometem, a quem obedecem, dar nome aos bois", declarou.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: [email protected]

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