Taxa de obesidade nos EUA tem queda inédita em mais de uma década, aponta estudo

Após um período de crescimento constante, os Estados Unidos registraram, em 2023, a primeira redução nas taxas de obesidade em mais de dez anos. A constatação, proveniente de uma análise detalhada de registros de saúde, reacende a esperança de uma reversão nas tendências preocupantes de saúde pública no país.

Pesquisadores do Laboratório de Epidemiologia Computacional do Boston Children's Hospital e da Optum Life Sciences analisaram dados de saúde de mais de 16,7 milhões de pessoas, ajustando-os para melhor representar a população dos EUA. Os resultados revelaram que tanto o Índice de Massa Corporal (IMC) médio quanto as taxas de obesidade caíram em 2023, após um aumento contínuo desde 2013, que se estabilizou em 2022.

Os dados de 2024 ainda não estão disponíveis, mas a queda em 2023 sinaliza que mudanças positivas nos hábitos alimentares e no aumento da atividade física podem estar contribuindo para a melhoria da saúde geral. O estudo aponta uma estabilização nas taxas antes da queda observada em 2023. (Rader et al., JAMA Health Forum, 2024) Estudo publicado no JAMA Health Forum.

Números da Queda

As médias do IMC, calculadas como o peso em quilogramas dividido pela altura em metros quadrados, foram de 30,23 em 2021, 30,24 em 2022 e apresentaram uma ligeira diminuição para 30,21 em 2023. As taxas de obesidade, definidas como a porcentagem de pessoas com IMC igual ou superior a 30, seguiram um padrão similar. Apesar de um IMC alto não indicar necessariamente um quadro de saúde precário, é notório que as medidas de massa corporal tendem a refletir as taxas de doenças e mortalidade em uma população, tornando as tendências de aumento da obesidade uma preocupação de saúde pública.

“Estas descobertas sugerem que o IMC e a prevalência da obesidade nos EUA diminuíram em 2023 pela primeira vez em mais de uma década”, escreveram os pesquisadores em seu artigo publicado. Ao analisar os dados brutos dos participantes do estudo, sem o ajuste para representar a população dos EUA, os níveis de obesidade foram de 46,2% em 2021, 46,0% em 2022 e 45,6% em 2023.

Onde a queda foi mais significativa

As maiores quedas nas taxas de obesidade foram registradas nos estados do sul e entre pessoas de 66 a 75 anos. Além disso, as taxas de obesidade diminuíram mais em mulheres do que em homens, o que é um ponto de partida para futuras pesquisas. Um fator que pode explicar essa redução é o aumento do uso de medicamentos GLP-1 para perda de peso, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, que são mais utilizados na região sul dos Estados Unidos. Contudo, ainda é muito cedo para chegar a conclusões definitivas e serão necessárias mais informações para confirmar se os americanos estão realmente diminuindo a quantidade de tecido adiposo.

“A obesidade e o IMC são indicadores indiretos da adiposidade, portanto, estudos futuros devem investigar medidas alternativas da composição corporal e as causas das mudanças observadas”, ressaltaram os pesquisadores. O futuro das taxas de obesidade é incerto, com alguns especialistas prevendo um aumento contínuo e outros não tão seguros. O consenso é que a tendência deve ser de queda, considerando os vários problemas de saúde associados ao excesso de peso, como envelhecimento cerebral e risco elevado de doenças cardíacas.

Apesar de a obesidade continuar sendo um problema considerável de saúde pública, a redução observada na sua prevalência sugere uma reversão animadora após anos de aumentos consecutivos.

O estudo foi publicado no JAMA Health Forum.