O Sistema Único de Saúde (SUS) irá disponibilizar para gestantes uma nova vacina para proteger os bebês contra o vírus sincicial respiratório (VSR). A inclusão do imunizante Abrysvo foi aprovada pela Comissão de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) em decisão divulgada nesta quinta-feira (13). A medida é um avanço importante para a saúde pública, em linha com outros esforços como o aumento da oferta de medicamentos na Farmácia Popular.
O Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde será o responsável por planejar a estratégia e o cronograma de vacinação.
O VSR é o principal agente causador da bronquiolite, uma inflamação que afeta os bronquiolos – pequenas ramificações que conduzem o oxigênio aos alvéolos pulmonares. A doença manifesta-se de forma mais severa em crianças menores de dois anos e em idosos, provocando dificuldades respiratórias que podem ser fatais.
Dados do boletim Infogripe, da Fiocruz, apontam para 370 casos confirmados de Síndrome Respiratória Aguda Grave e oito óbitos neste ano. A transmissão do vírus é mais intensa no inverno, período em que se observa um aumento significativo no número de casos e mortes, principalmente em bebês.
Testes conduzidos pela Pfizer, com a participação de aproximadamente sete mil gestantes, indicaram uma eficácia de 82,4% na prevenção de casos graves em bebês de até três meses, e de 70% até os seis meses de idade. A vacinação durante a gravidez permite que a mãe desenvolva anticorpos que são transmitidos ao feto, garantindo que ele já nasça com proteção.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso da Abrysvo no Brasil no ano anterior, e a vacina já está disponível na rede particular de saúde. A Pfizer recomenda a administração de uma dose por gestação, entre a 24ª e a 36ª semana. Embora a vacina também possa ser administrada em idosos, este grupo não foi incluído na decisão da comissão.
Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, acredita que a nova vacina terá impactos significativos na saúde infantil:
“Vai diminuir a necessidade de consultas em emergência, de internação, de UTI, de intubação e também o número de mortes. Há também o impacto de longo prazo. Após a primeira infecção pelo VSR, a criança pode ter chiados por algum tempo na sua vida, desencadeado por diversos fatores, principalmente infecção viral. Algumas crianças se tornam asmáticas e outras têm vários episódios de bronquioespasmo, desencadeados pelas alterações que o VSR causa na árvore brônquica.”
A Conitec também aprovou a incorporação do anticorpo monoclonal nirsevimabe, destinado a bebês prematuros. Diferentemente das vacinas, este medicamento não estimula a produção natural de anticorpos, mas oferece uma defesa imediata contra a disseminação de um agente infeccioso específico. Por essa razão, é indicado para pessoas com sistema imunológico vulnerável, como bebês prematuros.
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