O número de casos de Parkinson tem apresentado um crescimento constante no Rio Grande do Norte, refletindo um cenário observado tanto em nível nacional quanto global. A doença neurodegenerativa, que tradicionalmente afetava a população idosa, agora também é diagnosticada em adultos jovens.
Estima-se que no Brasil, cerca de 200 mil pessoas convivam com o Parkinson, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A condição se configura como a segunda doença neurodegenerativa mais prevalente no mundo, superada apenas pelo Alzheimer.
Diante deste contexto, a cidade de Natal sediará o II Simpósio de Parkinson do Rio Grande do Norte, nos dias 4 e 5 de abril. O evento, que tem como tema central “Do diagnóstico precoce às terapêuticas mais avançadas, um problema de saúde pública”, será realizado na Associação Médica do RN, localizada no bairro de Tirol, zona Leste da capital potiguar. A programação contará com a participação de especialistas de renome na área.
Entre os palestrantes confirmados, destaca-se a presença do economista Rodrigo Mendes, que compartilha sua experiência de 16 anos vivendo com o Parkinson. Além de sua trajetória pessoal, Mendes também é conhecido por sua superação no esporte, tendo se tornado montanhista em 2019, dez anos após o surgimento dos primeiros sintomas da doença.
Os interessados em participar do simpósio devem entrar em contato com a Associação Médica, de segunda a sexta-feira, para realizar a inscrição e efetuar a doação de R$ 50, valor que será integralmente revertido para o tratamento de pacientes de baixa renda.
Abordagens terapêuticas e desafios no tratamento
A especialista em nutrição clínica, com atuação focada nas áreas cardiológica e neurológica, Edneide Bezerra, esclarece que o Parkinson se manifesta, principalmente, pela lentidão dos movimentos, e não necessariamente pelos tremores, como é frequentemente associado. A doença afeta o sistema motor e exige um tratamento contínuo e multidisciplinar.
“O tratamento medicamentoso padrão ouro é a levodopa. No entanto, o tratamento não deve se restringir ao uso da levodopa, uma vez que o medicamento atua no controle dos sintomas”, ressalta a médica. A prática regular de exercícios físicos, segundo ela, é o único recurso que comprovadamente oferece efeito de neuroproteção e que pode retardar a progressão da doença.
“Atualmente, estudos apontam que o exercício físico é o único fator que apresenta neuroproteção comprovada e que pode retardar o avanço da doença. A doença de Parkinson afeta, principalmente, os movimentos”, explica Bezerra.
A especialista também aponta para a carência de centros especializados no tratamento do Parkinson no Rio Grande do Norte. A demanda por tratamento tem aumentado continuamente devido ao crescimento no número de diagnósticos da doença. Bezerra ressalta que, por se tratar de uma condição multifatorial, o paciente necessita de uma abordagem terapêutica interdisciplinar.
O estado conta com o Instituto Santos Dumont, um centro de referência mundial que oferece atendimento de excelência aos pacientes. No entanto, sua localização em Macaíba dificulta o acesso para muitos enfermos. “Precisamos de mais centros que ofereçam tratamento para essa doença que está se tornando cada vez mais prevalente”, conclui.
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