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Divórcio dos pais na infância eleva risco de AVC na vida adulta, aponta estudo

Além disso, distúrbios do sono são comuns entre filhos de pais divorciados, e se persistirem na idade adulta, podem aumentar o risco de AVC.

Um novo estudo realizado nos Estados Unidos, envolvendo mais de 13 mil adultos com mais de 65 anos, revelou uma ligação preocupante entre o divórcio dos pais durante a infância e um aumento significativo no risco de acidente vascular cerebral (AVC) na vida adulta.

A pesquisa, publicada na revista PLOS ONE, sugere que o estresse emocional vivenciado durante os anos de formação pode ter efeitos duradouros na saúde cardiovascular, muitas vezes negligenciados.

A cientista social Esme Fuller-Thomson, da Universidade de Toronto, no Canadá, destacou a relevância dos resultados: “É extremamente preocupante que adultos mais velhos que cresceram em famílias divorciadas apresentem 60% mais chances de sofrer um AVC, mesmo após a exclusão daqueles que sofreram abuso físico ou sexual na infância.”

Segundo a pesquisadora, a magnitude da associação entre o divórcio dos pais e o AVC é comparável a fatores de risco já bem estabelecidos, como ser do sexo masculino ou ter diabetes

Estudos anteriores já haviam relacionado o abuso físico e sexual na infância a um maior risco de AVC na vida adulta. O divórcio, como outra forma de estresse emocional precoce, poderia, portanto, influenciar a saúde cardiovascular a longo prazo.

Metodologia do estudo

A equipe de Fuller-Thomson analisou dados de saúde e informações pessoais de 13.205 adultos com mais de 65 anos que não relataram histórico de abuso físico ou sexual na infância. Aproximadamente 14% dos participantes vivenciaram o divórcio dos pais antes dos 18 anos.

Os resultados indicaram que homens apresentavam uma probabilidade 47% maior de ter um AVC em comparação com as mulheres. Além disso, o risco de AVC aumentava com a idade em ambos os sexos. Participantes com diabetes apresentavam um risco 37% maior, enquanto aqueles com depressão tinham uma chance 76% maior de sofrer um AVC.

Mesmo após considerar esses outros fatores de risco, o estudo revelou que indivíduos cujos pais se divorciaram durante a infância apresentavam uma probabilidade 61% maior de sofrer um AVC.

Os pesquisadores ressaltam que, após ajustar uma variedade de fatores sociodemográficos, não foi encontrada associação significativa entre abuso emocional na infância, violência doméstica, encarceramento dos pais, doença mental dos pais ou uso de substâncias pelos pais e o risco de AVC.

Possíveis explicações e necessidade de mais pesquisas

Embora o estudo seja observacional e não possa explicar causalmente a ligação entre o divórcio na infância e o risco de AVC, Fuller-Thomson e sua equipe propõem algumas hipóteses que merecem investigação futura. O estresse prolongado durante a infância, por exemplo, pode levar a resultados de saúde desfavoráveis. O divórcio frequentemente causa conflitos e tensões familiares, podendo forçar a criança a mudar de escola ou de residência. Estudos anteriores sugerem que infortúnios e adversidades na infância podem aumentar o risco de AVC na vida adulta. 

Outro fator contribuinte pode ser a pressão alta. Um estudo de 2022 já havia associado a separação dos pais antes dos 10 anos a taxas mais elevadas de hipertensão na meia-idade, o que, por sua vez, eleva o risco de AVC.

Além disso, distúrbios do sono são comuns entre filhos de pais divorciados, e se persistirem na idade adulta, podem aumentar o risco de AVC.

Os autores do estudo ressaltam que, devido a mudanças nas normas sociais, não está claro se as gerações X ou Millennial americanas experimentarão uma ligação semelhante entre o divórcio dos pais e o AVC, como foi observado na amostra das coortes Baby Boom e Silent Generation. Eles enfatizam a necessidade de futuras pesquisas para investigar as diferenças geracionais nessa associação. O estudo completo foi publicado na revista PLOS ONE.

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Romário Nicácio

Administrador de redes, estudante de Ciências e Tecnologia (C&T) e Jornalismo, que também atua como redator de sites desde 2009. Co-fundador do Portal N10 e do N10 Entretenimento, com um amplo conhecimento em diversas áreas. Com uma vasta experiência em redação, já contribuí para diversos sites de temas variados, incluindo o Notícias da TV Brasileira (NTB) e o Blog Psafe. Sua paixão por tecnologia, ciência e jornalismo o levou a buscar conhecimentos nas áreas, com o objetivo de se tornar um profissional cada vez mais completo. Como co-fundador do Portal N10 e do N10 Entretenimento, tenho a oportunidade de explorar ainda mais minhas habilidades e se destacar no mercado, como um profissional dedicado e comprometido com a entrega de conteúdo de qualidade aos seus leitores. Para entrar em contato comigo, envie um e-mail para [email protected].

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