Ouro atinge novo recorde, ultrapassando US$ 3.000 com tensões geopolíticas e comerciais

O valor do ouro alcançou um marco histórico, superando a marca de US$ 3.000 pela primeira vez, impulsionado por um cenário global de incertezas econômicas e geopolíticas. A intensificação das disputas comerciais entre os Estados Unidos e a União Europeia, caracterizada por ameaças de tarifas elevadas, tem aumentado os riscos para a economia global, incentivando investidores a buscarem a segurança do metal precioso.

Paralelamente, as preocupações com a possível desaceleração da economia dos EUA e a expectativa de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, têm contribuído para o aumento da demanda por ouro.

O contrato de ouro para abril registrou um aumento de 0,33%, atingindo US$ 3.001 por onça-troy na Comex, a divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex). Durante a sessão, o metal chegou a atingir o pico de US$ 3.017,10 por onça-troy. Ao longo da semana, o ouro valorizou-se 2,8%.

Analistas do ING (Internacional Nederlanden Groep) apontam que a demanda por ouro tem sido impulsionada pela “incerteza sobre o comércio e as tarifas, que continuam a influenciar os preços do ouro. Caso as tensões comerciais se intensifiquem e novas medidas retaliatórias sejam adotadas, a demanda por ouro como ativo seguro persistirá”. 

John Reade, estrategista de mercado do World Gold Council, enfatiza que fatores de longo prazo continuam a exercer influência no mercado. A crescente demanda por parte dos bancos centrais tem desempenhado um papel crucial no aumento do preço do ouro, à medida que esses países buscam diversificar suas reservas em resposta a iniciativas de desdolarização, sanções e preocupações com a inflação. 

“À medida que a fragmentação global se intensifica, a compra de ouro pelos bancos centrais permanecerá como um pilar fundamental da demanda, moldando as dinâmicas de longo prazo do mercado”, afirma Reade.

O aumento do valor do metal precioso também foi influenciado por dados recentes de inflação, que apresentaram resultados mais fracos do que o esperado pelo mercado. Este cenário fortalece as expectativas de que o Fed poderá adotar uma postura mais flexível em relação à política monetária, o que beneficiaria o ouro, uma vez que o ativo não oferece rendimento. 

Adicionalmente, a busca pelo metal como um porto seguro aumentou em resposta à recente volatilidade do mercado.