Após um período de obras intensivas, a reforma da Ponte Presidente Costa e Silva, popularmente conhecida como Ponte de Igapó, na zona Norte de Natal, está se aproximando da conclusão. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) estima que 75% dos serviços já foram executados e prevê a liberação do tráfego até o final de abril. As etapas finais da obra, no entanto, continuarão a ser realizadas na parte inferior da estrutura.
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Norte (Crea/RN) acompanhou de perto o andamento da reforma. Em visita técnica realizada na última quinta-feira (9), o presidente do Crea/RN, Roberto Wagner, juntamente com conselheiros e membros da diretoria de fiscalização, verificou o andamento dos trabalhos, as dificuldades encontradas e as soluções de engenharia aplicadas.
“Foi perceptível uma preocupação muito grande, tanto do DNIT como da empresa Jatobeton (Engenharia LTDA) que está a executar a obra, para que conclua todas as etapas embaixo da ponte, que possa liberar o tráfego o mais urgente possível. Eles não quiseram cravar uma data, mas a princípio isso é para meados de final de abril para que eles continuem o trabalho apenas por baixo“, afirmou Roberto Wagner.
A situação da Ponte de Igapó antes da reforma era alarmante. Estudos do DNIT apontavam um grau 2 de criticidade, um estágio grave de deterioração estrutural, próximo ao colapso total. A gravidade era comparável à da ponte entre Maranhão e Tocantins, que desabou recentemente devido ao mesmo nível de comprometimento.
Segundo o presidente do Crea/RN, o estado precário da ponte exigiu intervenções urgentes e mais complexas do que o inicialmente previsto. “Isso foi um fator que atrapalhou bastante a execução da obra. Porque uma obra dessa, eles citaram o exemplo que a obra sobre o ponto Piranhas a Sul, com o mesmo vão em torno de 600 metros, levou quatro anos, mas devido ao grau de criticidade como a ponte se encontrava, tiveram que fazer uma intervenção com maior brevidade“, explicou.
Desafios da obra
A influência da maré e a complexidade das intervenções estruturais representaram desafios adicionais para a execução da obra. A restauração dos pilares exigiu a remoção do concreto deteriorado, tratamento da estrutura metálica e aplicação de uma nova camada de concreto, um processo demorado, especialmente devido à umidade. A substituição das borrachas de neoprene nos vãos intermediários também demandou um trabalho minucioso, com a elevação da ponte por meio de macacos hidráulicos.
“Muitas vezes o serviço iniciava na maré, tinha que esperar a maré subir e descer para haver uma conclusão. Então, de fato, a obra me surpreendeu pelo maior nível de complexidade, que ora então era imaginado por mim e por meus colegas“, detalhou Wagner.
O investimento total na reestruturação da Ponte de Igapó é de aproximadamente R$ 30 milhões. As obras começaram em setembro de 2023, inicialmente no sentido zona Norte/Centro. Atualmente, os serviços estão concentrados no sentido Centro/zona Norte, com interdição parcial da via e desvio do tráfego para o lado oposto, que opera em mão dupla.
Alerta para a prevenção
O Crea/RN tem enfatizado a importância da manutenção preventiva em infraestruturas públicas, como pontes e viadutos, para evitar intervenções emergenciais e o risco de colapsos. Roberto Wagner revelou que foram enviados ofícios ao DNIT, ao Departamento de Estradas e Rodagens do RN (DER/RN) e às prefeituras de Natal e Mossoró, cobrando planos de manutenção preventiva.
“É isso que nós temos que evitar, tanto o custo para a sociedade, como o custo de vidas. Isso aí é inadmissível, haja vista que a técnica é dominada, o conhecimento de avaliação também é dominado, o que a gente precisa é alinhar o planejamento com a execução e termos a cultura da manutenção preventiva recorrente“, pontuou.
As obras na Ponte de Igapó têm causado transtornos significativos para a população. Muitos usuários evitam o trecho devido aos congestionamentos e à demora no deslocamento. Motoristas de aplicativo relatam que o tempo de viagem aumentou consideravelmente, impactando sua rotina de trabalho. Moradores de cidades vizinhas, como São Gonçalo do Amarante, também enfrentam dificuldades para acessar Natal.
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