O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, encerrou o pregão desta sexta-feira (17) em forte alta, impulsionado principalmente pelo desempenho positivo das ações da Vale. Após um início de dia com pouca variação, o índice ganhou força durante a tarde, fechando com alta de 0,92%, aos 122.350 pontos. Esse resultado colocou o Ibovespa próximo de sua máxima diária, que foi de 122.674 pontos, e bem acima da mínima, de 121.074 pontos.
A valorização das ações da Vale, que subiram 3,46%, foi um fator determinante para o bom desempenho do Ibovespa. O avanço nos preços do minério de ferro, que já acumula sete sessões consecutivas de alta, e dados econômicos positivos da China, foram os principais catalisadores para esse aumento. Outras empresas do setor de mineração e siderurgia também tiveram ganhos expressivos, como a CSN Mineração (+5,13%), a CSN (+4,10%) e a Usiminas (+3,51%).
Apesar do bom desempenho, o volume financeiro do Ibovespa ficou relativamente baixo, totalizando R$ 17,1 bilhões, mesmo em um dia de vencimento de opções de ações. Ao longo dos dez primeiros pregões do ano, o volume médio diário tem sido de R$ 14,7 bilhões. Já o giro financeiro na B3 foi de R$ 22,6 bilhões.
Próximo ao encerramento do pregão, falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e um recuo maior das ações de blue chips amenizaram o ritmo de alta, porém, o Ibovespa ainda conseguiu fechar no positivo. Na semana, o índice acumulou alta de 2,94%.
Na contramão do mercado, os papéis da Yduqs lideraram as perdas, com uma queda de 5,71%.
Dólar tem leve alta em dia de volatilidade
O dólar comercial encerrou a sessão desta sexta-feira com uma leve alta, de 0,20%, cotado a R$ 6,0655. O dia foi marcado por volatilidade e baixa liquidez. A moeda americana chegou a atingir a mínima de R$ 6,0285 e a máxima de R$ 6,0904. Dados mais fortes da indústria dos Estados Unidos impulsionaram o dólar, enquanto um relato do presidente eleito Donald Trump sobre sua conversa com o presidente da China, Xi Jinping, ajudou a reduzir um pouco essa força.
No fechamento das negociações, o dólar ganhou força, possivelmente com os agentes financeiros adotando uma postura mais defensiva, em antecipação à posse de Trump. Na semana, o dólar à vista registrou uma queda acumulada de 0,59%.
O euro, por sua vez, recuou 0,03% na sessão, fechando a R$ 6,2329, e acumulou queda de 0,28% na semana.
Bolsas de Nova York fecham em alta com expectativa de corte de juros
Os principais índices de ações de Nova York encerraram o pregão desta sexta-feira em alta, impulsionados pela retomada das apostas de que o Federal Reserve (Fed) pode reduzir os juros ainda este ano. Dados econômicos mais fracos da economia americana aumentaram essa expectativa. Este foi o último pregão antes da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
A Capital Economics divulgou um relatório afirmando que as perspectivas de inflação de curto prazo melhoraram. Segundo analistas, as pressões sobre os preços voltaram a um ritmo abaixo da meta nos últimos dois meses, após um breve ressurgimento nos meses de setembro e outubro.
No fechamento, o índice Dow Jones subiu 0,78%, atingindo 43.487,83 pontos, o S&P 500 teve alta de 1%, alcançando 5.996,71 pontos, e o Nasdaq avançou 1,51%, chegando a 19.630,199 pontos. Na semana, as bolsas acumularam ganhos de 3,69%, 2,91% e 2,45%, respectivamente.
Os setores de consumo discricionário e tecnologia apresentaram as maiores altas no S&P 500. Em contrapartida, os setores de saúde e imobiliário fecharam em baixa. As ações do setor de tecnologia tiveram ganhos expressivos, com destaque para a Intel, que subiu 9,21%, em meio a rumores de uma possível aquisição. Entre as chamadas Sete Magníficas, a Nvidia subiu 3,12% e a Tesla, que tem acumulado altas desde a eleição de Trump, avançou 3,06%.
Bolsas Europeias em alta puxadas por mineradoras
As bolsas europeias fecharam o dia com forte alta, com destaque para as ações de mineradoras, impulsionadas pela notícia de que a Glencore e a Rio Tinto estariam negociando uma fusão, que seria a maior do setor. O índice FTSE 100, de Londres, terminou a sessão no maior patamar da história, aos 8.505,22 pontos.
As ações da Glencore subiram 2,89% em Londres, enquanto as da Rio Tinto tinham alta de 3,12% em Nova York. Segundo a analista Susannah Streeter, o índice FTSE 100 se beneficiou das expectativas de juros mais baixos e de uma libra mais fraca, superando seu recorde anterior de maio do ano passado.
O índice Stoxx 600 subiu 0,68%, fechando aos 523,61 pontos. O FTSE 100, de Londres, teve alta de 1,35%, chegando a 8.505,22 pontos, o DAX, de Frankfurt, avançou 1,20%, alcançando 10.903,39 pontos, e o CAC 40, de Paris, acelerou 0,98%, fechando em 7.709,75 pontos.
No cenário macroeconômico, o índice de preços ao consumidor (CPI) da zona do euro subiu 0,4% em dezembro em relação a novembro, em linha com o esperado pelo mercado.
Receita Federal e o Monitoramento da Vida Financeira dos Brasileiros
A recente polêmica envolvendo o monitoramento de transações via Pix acima de R$ 5 mil pela Receita Federal, apesar de ter sido revogada pelo governo, trouxe à tona a questão do quão detalhado é o acompanhamento da vida financeira dos brasileiros pelo órgão. Todas as instituições do sistema financeiro, incluindo bancos, financeiras, cooperativas de crédito, corretoras e cartórios, são legalmente obrigadas a informar a Receita sobre movimentações financeiras e aquisição de bens de seus clientes.
Essa obrigatoriedade, que anteriormente excluía as fintechs que operam como instituições de pagamento (IPs), foi o cerne da norma revogada. O monitoramento inclui informações detalhadas sobre saldos, movimentações, investimentos e rendimentos, embora, como ressalta Matheus Bueno, sócio da Bueno Tax Lawyers, a Receita utilize essas informações para cruzar dados com a renda declarada e não para analisar transações individuais detalhadamente. Informações adicionais são obtidas através de operadoras de cartões de crédito, cartórios de imóveis, prestadores de serviços, entre outros.
Luciana Aguiar, sócia da Alma Law, reforça que o objetivo principal desse monitoramento é verificar se a renda declarada por empresas e pessoas físicas está coerente com suas movimentações financeiras. Segundo ela, a revogação da norma de monitoramento do Pix é um obstáculo que pode ser facilmente contornado pelo fisco.
Informações que a Receita Federal monitora:
- Cadastro de Pessoas Físicas (CPF): Nome completo, data de nascimento, filiação, endereço e situação cadastral.
- Vínculo com Empresas: Participação como sócio, administrador ou procurador em empresas.
- Bens e Direitos: Imóveis, veículos, saldos de contas bancárias, investimentos, participações em empresas, obras de arte e outros bens vinculados ao CPF.
- Imóveis registrados no CPF: Dados do ITBI e ITCMD.
- Transações imobiliárias: Compra, venda e locação de imóveis (via cartórios).
- Compras de alto valor: Veículos, embarcações, aeronaves, joias, entre outros.
- Rendimentos: Salários, aposentadorias, alugueis, dividendos, lucros, ganhos de capital (incluindo rendimentos tributáveis e isentos).
- Dívidas e Ônus: Empréstimos e financiamentos em aberto.
- Doações e Heranças: Valores recebidos ou transferidos a terceiros.
- Doações registradas em cartório: Transferências de bens ou valores formalizadas.
- Doações dedutíveis: Declaradas no Imposto de Renda.
- Dependentes: Informações sobre filhos, cônjuges e outras pessoas dependentes.
- Saldos e Movimentações Financeiras: Saldos de contas correntes, poupanças e investimentos. Movimentações financeiras superiores a R$ 2.000,00 para pessoas físicas e R$ 6.000,00 para pessoas jurídicas (em um único mês).
- Operações de Câmbio: Transferências internacionais de recursos.
- Vínculos Empregatícios: Informações sobre empregadores, salários e cargos ocupados (via eSocial e GFIP).
- Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e): Compras de bens e serviços realizadas com o CPF.
- Importações e Exportações: Operações registradas no CPF.
- Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE): Valores acima de US$ 1 milhão mantidos fora do Brasil.
- Contribuições Previdenciárias: Pagamentos ao INSS e tempo de contribuição.
- Recebimento de Benefícios: Aposentadorias, auxílios e pensões pagos pela Previdência.
- Dívidas Tributárias e Previdenciárias: Débitos inscritos na dívida ativa.
- Processos Fiscais:
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.