Prefeito de cidade italiana emite decreto irônico proibindo moradores de adoecerem

Em um ato de protesto inusitado, o prefeito de Belcastro, uma pequena cidade na Itália, emitiu um decreto simbólico proibindo seus moradores de ficarem doentes. Antonio Torchia, o chefe do executivo local, explicou que a medida tem como objetivo chamar a atenção para a grave falta de serviços de saúde na região.

A ordem, anunciada em uma emissora de televisão local, foi classificada por Torchia como uma “provocação irônica”, segundo o jornal Il Fatto Quotidiano. Ele esclareceu que o decreto não deve ser interpretado literalmente, mas sim como uma forma de destacar a situação precária enfrentada pelos 1.300 residentes de Belcastro.

O principal problema reside na intermitência do serviço médico de emergência, que depende da disponibilidade de profissionais de saúde, conforme noticiado pela agência de notícias ANSA.

A unidade de emergência mais próxima está localizada a aproximadamente 45 km de distância, em Catanzaro, capital da região da Calábria. Essa distância, combinada com a irregularidade do serviço local, gera “efeitos prejudiciais” na população, especialmente entre os idosos, que representam metade dos habitantes da cidade, destacou a ANSA.

Diante desse cenário, o prefeito “ordenou” que os residentes “evitem contrair qualquer doença que exija intervenção médica, especialmente de emergência, e que descansem o máximo possível.” Torchia justificou a medida afirmando que, nas condições atuais, “seria impossível garantir assistência médica adequada.”

O prefeito alega ter levantado a questão com as autoridades de saúde provinciais no ano passado, mas não obteve resposta. Ele afirmou que, “se não houver novidades em breve,” irá ao Ministério Público para apresentar uma queixa formal. O decreto simbólico ocorre em meio a uma crise mais ampla no sistema de saúde da Calábria, onde 18 hospitais foram fechados desde 2009.

A região da Calábria, situada na ponta da bota italiana, é uma das áreas menos populosas e mais pobres do país. Reportagens da mídia indicam que seu sistema de saúde foi comprometido por má gestão política e envolvimento da máfia. A região está sob administração especial do governo central há cerca de 15 anos.