O motorista da carreta envolvida no trágico acidente na BR-116, em Teófilo Otoni (MG), prestou um depoimento de mais de seis horas à Polícia Civil na última segunda-feira (23). Arilton Bastos Alves foi liberado após o interrogatório conduzido pelo delegado responsável pela investigação.
Segundo Raony Scheffer, advogado de defesa do caminhoneiro, Arilton não estava foragido, mas deixou o local do acidente em estado de choque ao testemunhar a gravidade da colisão que envolveu um ônibus com 45 passageiros, um carro e a carreta que ele conduzia. O incidente resultou na morte de 41 pessoas que estavam no ônibus.
O advogado explicou: “O Arilton presenciou o ônibus em chamas; pessoas gritando; desesperadas; chorando e pedindo ajuda. Embora não tenha responsabilidade pelo que aconteceu, ele entrou em pânico. Inclusive, teve medo de ser agredido ao ver vários veículos parando próximos ao local. Por isso, após ver que não tinha condições de prestar socorro algum, ele deixou o local”.
Ainda de acordo com Scheffer, Arilton conseguiu chegar a um posto de gasolina próximo, onde obteve uma carona de outro caminhoneiro até o distrito de São Vito, em Governador Valadares, cerca de 160 km de distância. De lá, ele foi levado por um parente até Barra de São Francisco (ES), onde reside e recebeu atendimento médico.
O motorista recebeu os primeiros socorros e foi orientado a repousar enquanto a empresa proprietária da carreta tomava as devidas providências legais. O advogado da empresa se encarregou de informar às autoridades sobre a situação, combinando a apresentação de Arilton na delegacia para o depoimento.
Apesar do abalo emocional e sob efeito de medicamentos, Arilton respondeu a todas as perguntas feitas durante o depoimento, de acordo com seu defensor. A Polícia Civil de Minas Gerais havia solicitado à Justiça a prisão do motorista, mas a solicitação foi negada.
Carteira suspensa
O advogado negou que Arilton estivesse dirigindo com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa. “De fato, a carteira dele foi suspensa, mas ele obteve uma decisão judicial revogando essa suspensão”, declarou Scheffer, acrescentando que o documento foi restituído ao caminhoneiro em 12 de dezembro, pelo Juizado Especial da Fazenda Pública de Barra de São Francisco. O motivo da suspensão anterior da CNH não foi especificado pelo advogado.
Acidente
Para o advogado, o acidente foi uma fatalidade resultante de uma falha mecânica no ônibus. Ele menciona o depoimento de sobreviventes do carro que colidiu com a carreta, que afirmam que um pneu do ônibus estourou, fazendo com que o motorista perdesse o controle e invadisse a pista contrária, colidindo frontalmente com a carreta.
A hipótese de um pneu estourado como causa do acidente é uma das linhas de investigação da Polícia Civil de Minas Gerais. Outra linha de investigação apura se a carreta estava com excesso de peso e em alta velocidade e se um bloco de granito teria se soltado de um dos reboques, atingindo o ônibus.
“O Arilton estava trafegando na via, dentro da mão de direção dele, dentro dos limites de velocidade, tudo certinho. Até porque, a via permite o tráfego em até 100 km/h [em alguns trechos], e a carreta tem um dispositivo que limita sua velocidade a 90 km/h”, explicou Scheffer. Segundo ele, a carreta era nova, de 2022, e estava com todas as revisões em dia e em perfeito estado de conservação. Os dados da velocidade são registrados remotamente e a empresa proprietária da carreta deverá entregar as informações às autoridades.
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