Política

Senado exclui big techs da regulamentação de IA de alto risco

O projeto de lei 2.338/2023, que visa regular a Inteligência Artificial (IA) no Brasil, teve um desdobramento significativo nesta quinta-feira (5). Após aprovação na Comissão Especial do Senado, o texto, agora com a inclusão do artigo 77, isenta as grandes empresas de tecnologia (big techs) da regulamentação de sistemas de IA usados em moderação e recomendação de conteúdo.

A decisão, tomada por acordo na comissão e com o apoio do relator, senador Eduardo Gomes (PL-TO), exclui plataformas como Facebook, Instagram e X (antigo Twitter) das regras mais rígidas destinadas a sistemas de IA de alto risco. Essas regras, previstas no projeto, incluem diretrizes de governança, fiscalização e monitoramento intensificados, aplicáveis a tecnologias que representem riscos para a sociedade.

A justificativa para a exclusão, segundo o senador Gomes, é evitar interpretações que limitem a liberdade de expressão. Ele afirma que a “inserção do art. 77 é para evitar interpretações restritivas à liberdade de expressão”. Esta alteração atendeu a uma emenda apresentada pelo senador Marco Rogério (PL-RO), que argumentou com base no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (PIDCP): “O pacto define que quaisquer restrições à liberdade de expressão devem ser expressamente previstas em lei, em conformidade com o princípio da legalidade”, justificou Rogério.

Entretanto, a medida gerou críticas. Paula Guedes, representante da Coalização Direitos na Rede (uma entidade que congrega 50 organizações), expressou preocupação com o impacto da exclusão das big techs na regulação da IA. “Isso é ruim, porque tira dessa lei de agora, jogando para regulação futura. Toda a tentativa é de tirar as plataformas de qualquer tipo de regulação. A gente viu isso com o projeto de lei da fake news ano passado, e a gente está vendo isso agora. Eles são os únicos atores no mercado que não têm nenhum tipo de regulação, além da regulação deles próprios”, declarou Paula.

O projeto, de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD/MG), estabelece princípios para o desenvolvimento e uso ético da IA, incluindo transparência, segurança, confiabilidade, ausência de vieses discriminatórios e respeito aos direitos humanos. O texto também define sistemas de IA de alto risco e proíbe o desenvolvimento de tecnologias que causem danos à saúde, segurança ou outros direitos fundamentais. Além disso, o projeto proíbe o Poder Público de criar sistemas que classifiquem ou ranqueiem pessoas com base em comportamento social para acesso a bens e serviços públicos de forma “ilegítima ou desproporcional”, ou que facilitem o abuso ou exploração sexual de crianças e adolescentes.

A votação final do projeto no plenário do Senado está prevista para a próxima terça-feira (10). Após aprovação no Senado, o texto seguirá para a Câmara dos Deputados.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: [email protected]

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