A inflação no Brasil apresentou um cenário misto em novembro, com uma desaceleração para a maioria das faixas de renda, conforme dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No entanto, o mercado financeiro revisou para cima suas projeções para a inflação, indicando uma persistência de pressões inflacionárias.
Desaceleração da Inflação por Renda
O Ipea observou que a inflação perdeu força em cinco das seis faixas de renda analisadas. As famílias de renda muito baixa foram as que experimentaram a maior queda, com a taxa recuando de 0,75% para 0,26%. Essa redução foi impulsionada pela diminuição nas tarifas de energia, mesmo diante do aumento nos preços dos alimentos.
As demais faixas de renda também registraram diminuição na inflação, com as seguintes variações:
- Renda baixa: de 0,71% para 0,32%
- Renda média-baixa: de 0,61% para 0,35%
- Renda média: de 0,54% para 0,39%
- Renda média-alta: de 0,49% para 0,35%
Em contraste com a tendência de queda, as famílias de renda alta viram a inflação subir de 0,27% em outubro para 0,64% em novembro. Esse aumento foi fortemente influenciado pela alta de 22,7% nas passagens aéreas.
Acumulado do Ano e 12 Meses
As famílias de renda baixa continuam a sofrer com a inflação mais alta no acumulado do ano (4,50%) e nos últimos 12 meses (5,08%). Por outro lado, as famílias de renda alta apresentaram as menores taxas nesses períodos, com 3,86% no ano e 4,50% em 12 meses.
Mercado Financeiro Aumenta Projeções de Inflação
O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, mostrou que o mercado financeiro elevou a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 4,89% este ano, acima dos 4,84% projetados anteriormente. Para 2025, a projeção também subiu, de 4,59% para 4,6%. As projeções para 2026 e 2027 são de 4% e 3,66%, respectivamente.
É importante ressaltar que a estimativa para 2024 ultrapassa o teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Em novembro, a inflação oficial foi de 0,39%, acumulando 4,87% em 12 meses.
Taxa Selic e Política Monetária
O Banco Central utiliza a taxa básica de juros, a Selic, como principal ferramenta para atingir a meta de inflação. Atualmente fixada em 12,25% ao ano, a taxa passou por um aumento recente devido à alta do dólar e incertezas econômicas. O Comitê de Política Monetária (Copom) indicou que deve aumentar a Selic, como descrito em mais detalhes na reportagem sobre a elevação da Selic para 12,25%. O objetivo é conter a demanda aquecida, encarecendo o crédito e estimulando a poupança, o que influencia os preços. Contudo, outros fatores, como risco de inadimplência, também impactam os juros cobrados dos consumidores.
A trajetória da Selic reflete um ciclo de contração na política monetária, após um período de estabilidade e cortes. A reação do mercado a essa alta de juros pode ser conferida na matéria sobre a Selic a 12,25%.
Projeções para o PIB e Câmbio
A projeção de crescimento da economia brasileira para este ano subiu para 3,42%, e a expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) avance 2,01% em 2025. Para 2026 e 2027, o mercado financeiro estima expansão de 2% ao ano para ambos os períodos. Quanto ao câmbio, a previsão é de que o dólar feche este ano em R$ 5,99 e 2025 em R$ 5,85.
Este cenário complexo de inflação e projeções econômicas destaca a importância do acompanhamento contínuo dos indicadores e da tomada de decisões estratégicas por parte do Banco Central e dos agentes econômicos.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.