Gêmeos eram a norma entre nossos ancestrais primatas: estudo revela mudança evolutiva

Gêmeos eram a norma entre nossos ancestrais primatas: estudo revela mudança evolutiva
Image by Jenő Szabó from Pixabay

O nascimento de gêmeos, hoje considerado um evento especial, era comum na história evolutiva dos primatas, segundo um novo estudo. Pesquisadores revelam que nossos ancestrais primatas davam à luz gêmeos como padrão, um cenário bem diferente do que observamos atualmente. A pesquisa, que analisou dados de quase mil espécies de mamíferos, desafia a visão tradicional sobre a ocorrência de múltiplos partos.

Ancestrais Primatas e a Gênese dos Gêmeos

Ao contrário da crença popular, que associa gêmeos a eventos incomuns ou a significados culturais específicos, a nova pesquisa sugere que o nascimento de múltiplos filhotes era, na verdade, a norma para nossos ancestrais primatas. O estudo, que se baseou em dados de diversas fontes, incluindo o AnAge: The Animal Ageing and Longevity Database, identificou padrões de tamanho de ninhada em toda a árvore genealógica dos mamíferos. Ao mapear o tamanho das ninhadas e usar algoritmos matemáticos, os cientistas conseguiram identificar padrões e reconstruir a história do tamanho da ninhada ao longo do tempo.

Os resultados indicam que o ancestral comum mais recente dos primatas, que habitou a América do Norte há cerca de 60 milhões de anos, provavelmente dava à luz gêmeos como rotina. Esta descoberta contraria a ideia de que o nascimento de um único filhote, comum entre os primatas atuais, seria a condição ancestral.

A Transição para o Nascimento de Filhotes Únicos

A pesquisa indica que a transição para o nascimento de filhotes únicos ocorreu ao longo da evolução dos primatas. Este fenômeno, segundo os cientistas, está ligado ao desenvolvimento de bebês com cérebros maiores, capazes de aprendizado complexo. O estudo propõe que a mudança de gêmeos para um único filhote foi crucial para a evolução de cérebros maiores em bebês humanos, que necessitam de um longo período de aprendizado durante a infância.

Os modelos matemáticos utilizados na pesquisa revelaram que essa mudança ocorreu pelo menos há 50 milhões de anos. A pesquisa também demonstra que a transição de gêmeos para um único filhote aconteceu múltiplas vezes na linhagem dos primatas, o que sugere uma vantagem evolutiva significativa. A gestação multifetal exige mais energia da mãe e resulta em filhotes menores e, frequentemente, prematuros.

Gêmeos Hoje: Uma Perspectiva Moderna

Embora o nascimento de gêmeos tenha sido comum no passado, ele se tornou relativamente raro nos dias de hoje. Atualmente, cerca de 3% dos nascimentos nos Estados Unidos são de gêmeos, um número que tem aumentado nas últimas décadas, em parte devido a avanços em tecnologias de reprodução assistida. No entanto, o nascimento de gêmeos ainda está associado a riscos para a mãe e para os bebês, incluindo maior incidência de partos prematuros e internações em unidades de tratamento intensivo neonatal.

O estudo esclarece que, apesar dos riscos associados ao nascimento de gêmeos na atualidade, eles são uma parte importante de nossa história genética. A pesquisa ressalta a complexa jornada evolutiva dos primatas e como as mudanças nas práticas de reprodução influenciaram nossa espécie.

A pesquisa foi conduzida por Tesla Monson, professora associada de Antropologia na Western Washington University, e Jack McBride, estudante de doutorado em Antropologia na Yale University.

O estudo completo foi publicado no seguinte link: https://doi.org/10.3390/humans4030014

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