Juliana Leite Rangel, de 26 anos, baleada na cabeça durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na véspera de Natal, tem apresentado uma recuperação notável. Segundo boletim médico divulgado pelo Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, a jovem respira sem auxílio de aparelhos, está lúcida, consegue abrir os olhos e interagir com o ambiente e as pessoas. A equipe médica não identifica sinais de sequelas permanentes irreversíveis.
Washington Leite, tio de Juliana, expressou alívio e alegria com a evolução do quadro clínico da sobrinha. “Nossos corações estão aliviados, sabendo que a Juliana, minha sobrinha, está saindo dessa”, declarou à Agência Brasil. “A gente teve um grande avanço e a gente está muito feliz. Muita gente positiva mandando energia boa”, completou o familiar, destacando a importância do apoio recebido.
Quadro de Saúde
Inicialmente, Juliana passou por uma traqueostomia, procedimento cirúrgico para auxiliar na respiração, mas já respira de forma espontânea. O suporte de ventilação mecânica é utilizado apenas durante as sessões de fisioterapia respiratória. A sedação foi completamente suspensa no dia 2, e desde então a paciente tem apresentado melhora em suas condições neurológicas, demonstrando abertura ocular espontânea, interação com o ambiente e pessoas, lucidez e capacidade de obedecer a comandos, além de mobilizar os quatro membros e apresentar sensibilidade preservada.
O boletim médico também informa que Juliana vem progredindo no nível de consciência, sem novos déficits neurológicos, recuperando suas funções motoras e cognitivas de maneira inicial, mas sem indicar sinais de sequelas permanentes irreversíveis. O processo de reabilitação psicomotora já foi iniciado e seguirá de acordo com a tolerância da paciente. A jovem permanece internada na terapia intensiva, com acompanhamento do serviço de neurocirurgia e equipe multidisciplinar.
Relembre o Caso
Juliana foi atingida por um disparo de fuzil na noite de 24 de dezembro, enquanto estava no carro da família, na Rodovia Washington Luís (BR-040), em Duque de Caxias. O pai da jovem, que conduzia o veículo, também foi ferido na mão esquerda, mas recebeu alta no mesmo dia. O veículo da família foi atingido por diversos disparos.
Investigações em Andamento
A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) estão conduzindo a investigação sobre o ocorrido. O diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Souza Oliveira, garantiu que a corporação está apurando todos os casos de excessos cometidos por seus agentes durante abordagens policiais. Os policiais envolvidos na ação foram preventivamente afastados de todas as atividades operacionais.
O incidente ocorreu poucas horas após a publicação de um decreto governamental que regulamenta o uso da força em operações policiais, estabelecendo que o emprego de arma de fogo deve ser a medida de último recurso.
Outro Caso de Violência Policial
Em 2023, outro caso de violência policial envolvendo a PRF no Rio de Janeiro resultou na morte da menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos. A abordagem ocorreu em 7 de setembro, na Rodovia Raphael de Almeida Magalhães, em Seropédica. De acordo com a denúncia do MPF, os policiais efetuaram disparos contra o veículo da família enquanto ele se dirigia para o acostamento após sinalização do condutor.
A ação policial que atingiu Juliana ocorreu na mesma época que a Operação Ano Novo da PRF, que registrou queda em acidentes.
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