A possível volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos no próximo ano traz consigo a perspectiva de mudanças drásticas na indústria automotiva do país. A equipe de transição de Trump planeja reverter diversas políticas voltadas para a eletrificação dos veículos, o que pode impactar significativamente o setor.
Entre as principais propostas está o fim dos incentivos fiscais para veículos elétricos (EVs), atualmente em US$ 7.500. Essa medida poderá desestimular a compra de EVs e reduzir as vendas. Além disso, a administração Trump pretende proibir a aquisição de EVs por órgãos governamentais e militares, revertendo os planos atuais do governo de substituir sua frota por veículos de emissão zero até 2027 e do Departamento de Defesa (DOD), que busca eletrificar seus veículos não táticos até 2035.
Projetos como o Hummer EV militar, apresentado pela GM Defense em 2023, que utiliza uma bateria de 212 kWh e um gerador a diesel complementar, e o veículo tático ‘Next Gen’, baseado no Chevrolet Silverado 2500HD ZR2, podem ter sua continuidade comprometida pelas mudanças na administração.
Documentos do governo de transição apontam para um retorno aos padrões de economia de combustível de 2019, o que aumentaria os limites de emissões por veículo em 25%. Além disso, Trump poderá tentar impedir que a Califórnia e outros 17 estados associados estabeleçam padrões de emissões mais rigorosos, forçando-os a adotar regras mais brandas, alinhadas ao restante do país.
O financiamento da promessa de US$ 7,5 bilhões do governo Biden para a infraestrutura de carregamento também poderá ser redirecionado, com a possível suspensão das análises ambientais para novas estações. Paradoxalmente, essa suspensão pode acelerar a instalação dessas estruturas por empresas privadas, sem o suporte governamental direto.
As mudanças propostas sinalizam um retorno a políticas mais permissivas para veículos a combustão e menos incentivos para a eletrificação, revertendo os avanços ambientais recentes. Para os fabricantes, o impacto será considerável, especialmente para aqueles que investiram em estratégias focadas em EVs. A flexibilização dos padrões pode beneficiar alguns, mas também gera incertezas, principalmente para estados como a Califórnia, que lideram iniciativas ambientais no setor automotivo.
O mercado de elétricos na China, por exemplo, já apresenta a BYD como líder, enquanto a Tesla cai e a Nio avança.
A BYD também tem investido pesado em robótica humanoide com investimento bilionário em IA. No Brasil, a BYD atinge 70 mil carros eletrificados vendidos e mira liderança. O BYD Dolphin, inclusive, é apontado por um estudo australiano como o hatch elétrico mais ecológico.
A Stellantis também pode sentir os efeitos da mudança de governo, já que o Governo italiano pressiona a Stellantis por mais investimentos e produção local. Há também uma Crise na Stellantis e há dúvidas sobre o fim da era Hemi.
Enquanto isso, no mercado chinês de baterias, as gigantes CATL e BYD dominam em novembro de 2024.