A nova Lei do Combustível do Futuro, sancionada em outubro de 2024, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trará mudanças significativas na composição da gasolina vendida nos postos brasileiros. A principal alteração é o aumento do percentual de etanol anidro, que hoje está em 27% (com mínimo de 18%), para uma faixa entre 22% e 35%.
Inicialmente, a mistura será de 30%, conforme aprovado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) em dezembro. Essa nova gasolina, designada como E30, poderá chegar aos postos já em abril, após passar por testes rigorosos. O protocolo de testes, coordenado pelo MME, busca avaliar a viabilidade técnica da mistura de 30% de etanol à gasolina.
Os testes, que ocorrerão entre janeiro e fevereiro, serão conduzidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), com patrocínio de produtores de etanol. O relatório final será entregue ao MME até o fim de fevereiro, que então recomendará a nova mistura ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) também participará, conduzindo testes de estabilidade da E30.
Testes e impacto no veículo
Os ensaios do IMT incluirão testes de pista, partida a frio, emissões, aquisição de veículos e análise de dados via sistema OBD (On-Board Diagnostics). Segundo Rogério Gonçalves, diretor de combustíveis da Associação Brasileira Engenharia Automotiva (AEA), os testes avaliarão dirigibilidade, compatibilidade de materiais e emissões.
“Os testes que vão acontecer correspondem a três categorias: dirigibilidade, onde testam-se os efeitos no automóvel, como a partida a frio e a condução do veículo; compatibilidade de materiais, onde se mede corrosão e resposta de materiais elastoméricos, injeção e afins; e emissões.”
Espera-se que a maior proporção de etanol na gasolina resulte em uma queima mais limpa, mas também pode haver alterações no consumo de combustível. Como explica Gonçalves, “Com a adição de etanol na mistura (3%), o motorista pode sentir diferença na autonomia total do veículo, que pode baixar”.
Desafios para a frota nacional
A implementação da nova lei em abril pode ser um desafio para modelos importados e carros mais antigos. Segundo Gonçalves, enquanto as montadoras nacionais podem testar seus modelos a tempo, os veículos importados podem levar mais tempo para se adaptar à nova gasolina. Carros mais antigos, com sistemas de injeção arcaicos, também podem atrasar o processo de testes.
A Lei do Combustível do Futuro tem como objetivo reduzir as emissões, mas ainda é necessário entender os resultados práticos dos testes para determinar se as mudanças vão encarecer o combustível e aumentar o consumo e os gastos com o carro.