Porsche e Audi estão considerando a instalação de suas primeiras fábricas nos Estados Unidos, uma medida estratégica para reduzir a exposição das marcas a possíveis tarifas de importação. A decisão surge em um contexto de incertezas sobre a política tarifária americana, que poderia impactar significativamente as vendas e a lucratividade das montadoras.
Diferentemente de BMW, Mercedes-Benz e Volkswagen, que já possuem unidades fabris em território americano, Porsche e Audi dependem da produção europeia e mexicana para atender à demanda do mercado dos EUA. A Audi, por exemplo, produz o modelo Q5 no México, estando sujeita a uma potencial tarifa de 25%. Já a Porsche, com toda a sua produção concentrada na Europa, poderia enfrentar uma sobretaxa de 10% em seus veículos importados.

Segundo o jornal alemão Handelsblatt, ambas as empresas analisam a possibilidade de utilizar a fábrica da Volkswagen em Chattanooga, Tennessee. Atualmente, a planta produz o SUV Atlas e o elétrico ID.4, mas a queda nas vendas do modelo elétrico abriu espaço para a produção de novos veículos. As vendas do ID.4 nos Estados Unidos tiveram uma queda de 55% no ano passado.
Outra alternativa em estudo é a utilização da nova fábrica da Scout, marca do Grupo VW, na Carolina do Sul. A Audi poderia compartilhar o espaço para produzir um SUV derivado do Scout, um projeto conhecido internamente como “Hardcore”. No entanto, essa produção não deve ocorrer antes de 2028, já que o primeiro modelo da Scout tem previsão de lançamento para 2027.
A Porsche, por sua vez, não planeja transferir suas linhas de produção existentes, mas poderá usar os EUA como base para a fabricação de SUVs maiores. A marca já trabalha no desenvolvimento do SUV topo de linha K1, que utilizará a nova plataforma SSP do Grupo Volkswagen. A Audi também deverá receber uma versão desse veículo.
A decisão de avaliar a produção nos EUA é motivada pela necessidade de evitar prejuízos causados pelas tarifas de importação. Apesar de a Porsche ter registrado um crescimento nas vendas na América do Norte, comercializando 76.167 veículos em 2024, contra 75.415 em 2023, a Audi enfrentou uma queda de 14%, com 196.576 unidades vendidas.
Além disso, o grupo Volkswagen, que fabrica Jetta e Tiguan no México, também pode sofrer perdas significativas com as tarifas de importação. Uma análise da Moody’s estima que o Grupo VW poderia perder até 15% de seu lucro operacional com a imposição de uma taxa de 25% sobre os veículos importados do México.