Chegou ao fim hoje, na Globo, após, intermináveis, 173 capítulos, a telenovela “Mania de Você”, de autoria de João Emanuel Carneiro e direção de Carlos Araújo. A novela, que foi lançada com o slogan “O jogo vira o tempo todo”, virou tanto, que nem o próprio autor entendia o que queria contar.
“Mania de Você” foi a reunião de tudo que há de pior nos 60 anos de produções de novelas pela TV Globo. Nada ali funcionou. O mais absurdo continua sendo a pergunta: Quem leu esta sinopse e aprovou? Foi o Amauri? Se sim, fica provado que o mesmo não entende nada de telenovelas, pois, certamente, o roteiro já apresentava essas falhas que ficariam visíveis ao público.

A referida novela manchou o currículo de vários atores, tendo em vista as situações absurdas que saíram da cabeça do autor. Porém, um desses atores saiu ileso dessa produção: Chay Suede! Desde o primeiro capítulo ele roubou a novela para si. E, mesmo quando a personagem dele começou a ficar incoerente, o ator deu conta.
Outros atores defenderam bem seus papéis, apesar do texto medíocre e das inverosimilhanças: Jaffar Bambirra, Mariana Ximenes, Eliane Giardini, Thalita Carauta e Agatha Moreira.

Isis, personagem de Mariana Ximenes, é um caso a ser estudado. Loira, linda e má, a atriz tinha tudo para roubar o protagonismo da trama. Mas João Emmanuel Carneiro colocou todas as incoerências possíveis nesta personagem. Ela inicia a novela matando, a sangue frio, o seu marido e, depois, ainda tenta matar o amante, que acaba assassinado pela sogra por legítima defesa. Posteriormente passa a ser chantageada por 3 aproveitadores, não assassinos como ela, se deixando manipular por eles. Ora, a mulher matou o marido e o amante, por qual motivo não mataria a família que a chantageava e com a qual não tinha vínculo? No final da novela, ela recupera o DNA de Isis apenas para tentar matar a Berta. Mais incoerente impossível.

Rodrigo Lombardi e Adriana Esteves precisam descansar, urgentemente, suas imagens. Ninguém aguenta mais a presença dos dois em telenovelas. O excesso de personagens parecidos, fazem com que se repitam em cena, não trazendo frescor em suas interpretações. Rodrigo Lombardi parecia fazer a mesma personagem de “Travessia”, enquanto Esteves repetia os mesmos tiques e gestos de Carminha – aliás, desde 2012 a atriz só faz novelas das 9 e sempre vilãs, impossível não se repetir – e o repertório de repetições de Adriana não para por aí, se pegarmos personagens delas, menos populares, desde a Sandrinha de “Torre de Babel”, lá em 1998, verificaremos que ela repete os mesmos “tiques”. Precisa descansar urgentemente a imagem e se voltar às telenovelas – ela disse que “Mania de Você” poderia ser a última – que volte numa mocinha romântica, às 18, para mudar um pouco o foco.
Outro caso grave foi de Alanis Guillen e Samuel de Assis: os atores saíram das novelas de maior audiência de seus respectivos horários na Globo, para viverem dois personagens sem qualquer propósito. Alanis foi a icônica Juma de “Pantanal”, última trama a ter 30 pontos de média e Samuel protagonizou o fenômeno “Vai na Fé”, no horário das 7, os dois mereciam personagens melhores.
João Emmanuel Carneiro deveria repensar sua forma de escrever novelas. Ele tenta, desde 2012, repetir o sucesso de “Avenida Brasil” e não tem conseguido. Não adianta fazer uma trama com inúmeras viradas, mas sem qualquer coerência. A rejeição aos heróis oficiais, a ponto de matar o protagonista da trama um mês antes do fim, e o sumiço de Viola, exemplificam isso. É preciso uma reciclagem. Precisa ir para o horário das 19 ou das 18 para reaprender o conceito básico de novelas, visto que, “A Regra do Jogo”, “Segundo Sol” e “Mania de Você” fracassaram em suas exibições.
Mas o maior problema está na direção da Globo. É visível que Amauri Soares não entende e não gosta de telenovelas. Se entendesse, ou gostasse, jamais aprovaria uma sinopse como essa. Jamais voltaria a produzir novelas longas, que ninguém aguenta mais. Há, exatos, 10 anos, a Globo exibia “Babilônia”, que tinha a grife Gilberto Braga, a trama não atingiu as expectativas, foi encurtada, e se encerrou em 143 capítulos, número ideal para uma novela.
Dizem que a permanência de Amauri na direção, depende do sucesso de “Vale Tudo”, bom, pelo pouco que se tem visto nas chamadas, a novela tá parecendo uma sátira da versão de 88. Por aqui, espera-se que uma pessoa que entenda de televisão e, principalmente, de novelas, assuma o cargo.