Resumo da Notícia
Em 4 de novembro de 1974, estreava na Globo a primeira versão da novela O Rebu, escrita por Bráulio Pedroso. Em meio à busca por novas linguagens na televisão brasileira, a produção trouxe ousadia estética e estrutural: uma história contada em 24 horas, repleta de flashbacks, múltiplas perspectivas e um crime misterioso que prendia o público até o último capítulo.
A trama se tornou um marco de experimentação e abriu caminho para novas formas de narrativa na teledramaturgia nacional.
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Contexto histórico
Na década de 1970, a TV brasileira vivia um momento de consolidação e expansão criativa. O público começava a exigir tramas mais complexas e realistas, enquanto autores e diretores buscavam romper padrões narrativos estabelecidos.
Foi nesse cenário que O Rebu se destacou. Diferente das novelas tradicionais, focadas em histórias de amor ou dramas familiares, ela apostou em suspense e investigação — gêneros raros na época.
O próprio título fazia alusão ao caos: “rebu” era uma expressão popular usada para designar confusão, algo que refletia perfeitamente o clima da obra.
Enredo e estrutura inovadora
A história se passa quase inteiramente durante uma festa na mansão do banqueiro Conrad Mahler (interpretado por Ziembinski), no Alto da Boa Vista, no Rio de Janeiro.
Durante a celebração, um corpo é encontrado boiando na piscina, e a partir dessa descoberta a trama se desenrola em três linhas de tempo:
- o presente (a festa),
- o dia seguinte (a investigação),
- e o passado dos personagens (revelado por meio de flashbacks).
Essa estrutura não cronológica foi inédita para a teledramaturgia brasileira da época, aproximando O Rebu de narrativas cinematográficas e criando uma experiência única de mistério e fragmentação narrativa.
A novela contou com 112 capítulos, exibidos entre 4 de novembro de 1974 e 11 de abril de 1975.
Inovações e curiosidades de bastidores
- Tempo narrativo reduzido: toda a história se passa em 24 horas, um feito raro para novelas.
- Cenário grandioso: a mansão Mahler foi construída em estúdio, com cerca de 300 m², dois andares e seis metros de altura.
- Trilha sonora marcante: contou com composições de Raul Seixas e Paulo Coelho, incluindo o tema de abertura.
- Suspense até o final: o público só descobriu o assassino nos últimos capítulos, o que aumentou a repercussão e audiência.
- Raridade histórica: boa parte dos capítulos originais não foi preservada integralmente nos arquivos da Globo, tornando-se um registro incompleto, mas de alto valor histórico.
Importância cultural
O Rebu permanece na memória da TV brasileira como um divisor de águas. Sua estrutura ousada e ritmo cinematográfico mostraram que as novelas poderiam explorar narrativas mais sofisticadas, sem perder o interesse popular.
O formato de “quem matou?” inaugurado por O Rebu influenciou produções posteriores e se tornou uma das fórmulas de maior sucesso da teledramaturgia.
Em 2014, a Globo exibiu uma nova versão de O Rebu, que manteve a essência da original — o mistério, a ambientação luxuosa e o enredo contado em múltiplos tempos — adaptando-os à linguagem moderna.

