O horário das 7, na maioria das vezes, apresenta tramas rasas, sem profundidade, apenas com a intenção de fazer o público que, teoricamente, está voltando trabalho, relaxar diante da TV.
Tramas bobas, como a anterior no horário, ratificam essa teoria. Claudia Souto que escreveu “Pega Pega” e “Cara e Coragem”, no horário, chegou à sua maturidade com “Volta por Cima”, a novela, toda redondinha, não perdeu o fio da meada e se manteve interessante do início ao fim. Com temas muito bem amarrados e abordados e com um elenco afiado, a trama das sete entreteve e não se manteve rasa.
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O elenco teve vários destaques: Jessica Ellen, a protagonista, fez de sua Madá uma heroína popular, batalhadora, que não abaixava a cabeça pra ninguém. A atriz merecia essa protagonista. Fabrício Boliveira, que também merecia um protagonista há tempos, defendeu bem seu herói. Isabel Teixeira já se porta como uma veterana da Globo, mesmo em seu terceiro papel fixo, consegue defender, com unhas e dentes, suas personagens. Bia Santana fez o Brasil inteiro odiar a Tati. Rodrigo Fagundes teve seu melhor papel em novelas. Isadora Cruz criou uma Roxelle irresistível! E que retorno triunfal de Tereza Seiblitz às novelas! Que delícia ver veteranos, como ela, sendo valorizados. Que deleite rever Lucinha Lins e José de Abreu. E que prazer sempre é ver Betty Faria em cena.
Porém, dentre esses destaques, dois se sobressaíram: primeiro Milhem Cortaz que merecia, há anos, um grande papel na Globo. Não existiria “Volta por Cima” se não tivesse um Osmar tão bem defendido. Uma personagem popular, um tipo que há anos não se via em novelas, quase um bicheiro das décadas de 70 e 80, que eram retratados em quase todas as novelas da época. O ator, com essa personagem, certamente, chegará a outro nível dentro da Globo.
Em segundo lugar, Pri Helena. Que revelação! Que atriz! Cacá começou a novela, praticamente, sem falas. Mas o talento da atriz, como a própria autora confessou, fez a personagem crescer durante a novela, a ponto de se tornar a principal antagonista do casal. Era visível o ódio que a personagem sentia pelos protagonistas. A cena em que ela é desmascarada por Madá e Jão foi inesquecível. Que seja valorizada pela Globo.
“Volta por Cima” prova que é possível fazer uma novela popular sem ser rasa. Personagens populares, com profundidade, com um elenco majoritário preto. Certamente todos saem maior após essa novela. Viva a arte, viva nossa arte, viva as telenovelas.
E, claro, parabéns para a TV Globo, maior produtora de conteúdo da América Latina, que completa, hoje, 60 anos de história!