‘Que nunca mais um presidente de outro país ouse falar grosso com o Brasil’, dispara Lula

A declaração ocorre enquanto o governo brasileiro tenta reverter tarifas impostas por Donald Trump a produtos nacionais.
‘Que nunca mais um presidente de outro país ouse falar grosso com o Brasil’, dispara Lula
© Ricardo Stuckert / PR

Resumo da Notícia

Durante encontro com estudantes de cursinhos populares em São Bernardo do Campo (SP) neste sábado (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que sonha com uma América Latina independente e que nunca mais um presidente de outro país ouse falar grosso com o Brasil. A fala ocorre em meio às negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, e reafirma o discurso de soberania nacional que vem marcando as recentes manifestações do governo.

No evento, Lula destacou o papel da educação e da integração regional na formação de uma identidade política e cultural autônoma.

Segundo o presidente, nós também fizemos a Universidade da América Latina em Foz do Iguaçu. A gente quer formar uma doutrina latino-americana com professor latino-americano, com estudantes latino-americanos, para que a gente possa sonhar que esse continente um dia vai ser independente, que nunca mais um presidente de outro país ouse falar grosso com o Brasil, porque a gente não vai aceitar.

A fala se soma a uma série de declarações recentes que ressaltam a necessidade de o continente adotar uma postura mais firme diante de potências estrangeiras, principalmente após os atritos comerciais com Washington.

Contexto político e tensões com os Estados Unidos

A declaração ocorre enquanto o governo brasileiro tenta reverter tarifas impostas por Donald Trump a produtos nacionais.

Segundo informações oficiais, o governo norte-americano vinculou a política tarifária a questões internas do Brasil, incluindo a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe. O episódio levou Lula a reforçar a defesa da soberania brasileira e da autonomia política diante das pressões externas.

Nos Estados Unidos, Trump afirmou na última quarta-feira (15) ter autorizado operações secretas da CIA em território venezuelano, e que estuda ataques terrestres contra cartéis de drogas. Lula, de acordo com assessores, pretende levar a discussão ao próximo encontro presencial com Trump, previsto ainda para este ano, e alertar que uma eventual intervenção militar americana na Venezuela poderia desestabilizar a região e fortalecer o narcotráfico.

Educação e ampliação da Rede Nacional de Cursinhos Populares

Além do tom político, o discurso foi marcado por anúncios na área da educação. Lula confirmou a ampliação da Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP) em 2026, medida voltada a estudantes que buscam o ingresso no ensino superior.

O presidente estava acompanhado dos ministros Camilo Santana (Educação) e Fernando Haddad (Fazenda).

Camilo Santana explicou que o programa foi criado por decreto presidencial em março de 2025 e já conta com 384 cursinhos populares apoiados pelo governo federal.

Hoje, 384 cursinhos populares estão sendo apoiados pelo Ministério da Educação e pelo governo do presidente Lula. Vamos anunciar aqui o novo edital que vai ser aberto em dezembro e vamos chegar a 500 cursinhos em todo o Brasil”, afirmou o ministro.

O novo edital prevê R$ 100 milhões de investimento e deve elevar o atendimento para mais de 12 mil estudantes em todas as regiões do país. Cada unidade contemplada recebeu até R$ 163,2 mil para pagamento de professores, coordenadores e equipe técnica, além de auxílio-permanência de R$ 200 mensais para até 40 alunos.

“Falar em democracia é falar em educação, falar em soberania é falar em educação”, acrescentou Camilo Santana.

Lula destaca papel das mulheres e defende independência profissional

Durante o evento, o presidente também dedicou parte do discurso à defesa da autonomia feminina, em meio às cobranças para que indique uma mulher à vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF), após a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso.

Apesar da pressão, o nome preferido de Lula para o STF é o de Jorge Messias, atual advogado-geral da União. O tribunal conta hoje com dez homens e apenas uma mulher, a ministra Cármen Lúcia, indicada por ele em 2006.

Em fala voltada às jovens presentes, o presidente afirmou:

Uma profissão para ela [uma mulher] é quase que uma coisa sagrada. Porque, para uma mulher, uma profissão significa independência. Uma mulher não pode viver com alguém atrás de um prato de comida. Uma mulher não pode apanhar do marido porque ele paga o aluguel.”

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